Descrição de chapéu FGTS

Brasileiro quer sacar FGTS para comprar casa, abrir negócio e viajar

Só 3 em cada 10 usariam FGTS para pagar contas e limpar nome

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São Paulo

Só 3 em cada 10 brasileiros usariam o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para pagar contas e limpar o nome, aponta pesquisa do Instituto Opinion Box, encomendada por Serasa e Banco Pan. O estudo revela ainda que o consumidor quer sacar os valores para comprar a casa própria ou montar um negócio.

O levantamento tem como objetivo apontar o que os trabalhadores sabem sobre o FGTS e como pensam em utilizá-lo. Foram entrevistados, de forma online, 2.132 brasileiros entre os dias 12 e 22 de abril. Do total, só 17% disseram que pagariam contas com o dinheiro e 10% afirmaram que limpariam o nome. A maioria quer comprar a casa própria ou abrir o próprio negócio. Os trabalhadores poderiam escolher mais de uma opção.

Brasileiro quer usar FGTS para realizar sonhos; minoria quer pagar contas com o dinheiro - Gabriel Cabral/Folhapress

Segundo o estudo, 45% querem comprar a casa própria e 33% gostariam de abrir um negócio com os valores. Houve ainda 20% que cuidariam da saúde e 17% pegariam o dinheiro para fazer uma viagem internacional.

Os dados apontam que embora a maioria saiba o que é FGTS (92%) e 80% tenham conhecimento de que é possível consultar seu saldo, 4 em cada 10 (38%) não têm ideia de quanto há atualmente em sua conta, porque não sabe fazer a consulta (16%) ou porque desconhecem o valor acumulado (22%).

O FGTS é uma espécie de poupança compulsória dos trabalhadores que têm emprego com carteira assinada. Por mês, o empregador deposita 8% do valor do salário em uma conta em nome do profissional. O montante acumulado só pode ser sacado em situações específicas, como na compra da casa própria, demissão sem justa causa ou aposentadoria. Não é possível usar o dinheiro para viajar ou abrir um negócio.

Matheus Moura, diretor de marketing da Serasa, diz que a pesquisa mostrou que o brasileiro conhece seu direito ao fundo, mas desconhece muitas modalidades de saque. "Quando você pergunta, o brasileiro sabe [sobre o fundo], mas as formas mais conhecidas de usar o FGTS são demissão ou casa própria, e eles sabem porque já devem ter usado por isso", diz.

Com um público-alvo que concentra cerca de 70 milhões de contas com saldo no Fundo de Garantia e uma possibilidade de movimentar R$ 80 bilhões em recursos, empresas e governo estão de olho nos valores que o trabalhador tem acumulado no fundo.

Neste ano, como forma de driblar efeitos da inflação e da baixa renda do trabalhador, o governo federal liberou o saque extraordinário de até R$ 1.000 do FGTS. Os lotes finais serão liberados até o dia 15 de junho, conforme o mês de aniversário do trabalhador.

Para Moura, se soubessem que podem usar o dinheiro para empréstimo, na nova modalidade saque-aniversário, muitos poderiam lidar com a inadimplência crescente. Dados da Serasa mostram que, em março, a inadimplência bateu recorde, chegando a 65,69 milhões de pessoas no país.

Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, também da Serasa, a alta em março —últimos dados disponíveis— foi de 0,81% em relação a fevereiro. O número não atingia este patamar desde o começo da pandemia, em abril de 2020.

A educadora financeira Cíntia Senna, da Dsop, afirma que o trabalhador precisa ter muito cuidado ao movimentar seus valores de FGTS em qualquer que seja a modalidade ou a ocasião de liberação para não ficar ainda mais endividado.

"Esse tipo de empr��stimo, não só do FGTS, teria de ser uma última alternativa, em que eu já fiz todas as mudanças no meu padrão de consumo, eu já negociei prazos, valores, taxas e já fiz portabilidades, e essa teria de ser a única instância à qual eu pudesse recorrer não só como solucionador, mas como um paliativo,"

Para ela, a modalidade é válida, mas para usar, os juros funcionam como uma penalidade. "Você pode ter a possibilidade de antecipar o FGTS, um dinheiro que já é do trabalhador, porém, com um custo. Se quiser receber antecipadamente, tem uma penalidade", diz.

Bancos oferecem empréstimo com FGTS

Instituído em 2019, o saque-aniversário passou a ser uma nova empréstimo em bancos e instituições de crédito em 2020. Os juros variam conforme o relacionamento com a instituição. Para contratar, o trabalhador deve, em primeiro lugar, aderir a este tipo de saque na Caixa Econômica Federal, gestora do fundo.

Dependendo da instituição, há juros de 1,69% e parcelas a partir de R$ 50. Dentre os que oferecem este tipo de empréstimo estão a Serasa e o Banco PAN, que firmaram parceria para a medida. A partir desta terça-feira (7), será possível antecipar até sete parcelas do saque-aniversário por meio da plataforma online Serasa eCred.

André Carnevale, superintendente executivo do Banco PAN, diz que a nova plataforma vai oferecer todo o suporte a quem quer fazer esse empréstimo. "Muitas vezes a pessoa não chega com o pacote pronto", diz. Ele afirma que o empréstimo pode ser solicitado por aqueles que têm saldo mínimo a partir de R$ 400 em seu FGTS e desejam antecipar até sete parcelas do saque-aniversário. É preciso ter acima de 18 anos.

O Banco Mercantil do Brasil também oferece a modalidade, com juros a partir de 1,99%, contratada por canais remotos. Na Caixa Econômica Federal, a contratação também é remota. O Banco do Brasil oferece valores a partir de R$ 400.

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