Em meio à intensa volatilidade das ações da Petrobras, após a renúncia do presidente da companhia, José Mauro Coelho, a petroleira estatal paga nesta segunda-feira (20) a primeira parcela da remuneração bilionária aos seus acionistas.
Junto ao anúncio do lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre, no início de maio, a Petrobras informou também que irá distribuir R$ 48,5 bilhões em dividendos aos seus acionistas.
Segundo a Petrobras, o montante corresponde a R$ 3,715490 por ação preferencial e ordinária em circulação. Terão direito ao pagamento os acionistas que detinham papéis da companhia no dia 23 de maio de 2022.
O pagamento será feito em duas parcelas iguais de R$ 24,25 bilhões cada, ou R$ 1,857745 por ação, com a primeira ocorrendo nesta segunda, e a próxima, em 20 de julho.
Com 28,67% das ações da estatal, o governo terá direito a cerca de R$ 14 bilhões do total de dividendos, com uma parcela próxima de R$ 7 bilhões a ser paga nesta segunda. Há ainda o valor referente ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que tem outros 8% de participação.
Os elevados lucros da estatal têm sido alvo de críticas na oposição e no próprio governo, diante da alta dos preços dos combustíveis no país. Após a divulgação do resultado trimestral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o resultado como "estupro" e pediu à empresa para não promover novos reajustes.
Após iniciar a sessão com as negociações suspensas por conta do anúncio da renúncia de Mauro Coelho nesta segunda (20), as ações da Petrobras chegaram a cair cerca de 4%, mas no início da tarde reverteram a tendência e passaram a subir. Por volta das 12h10, as ações preferenciais da companhia avançavam 0,37%, enquanto as ordinárias se valorizavam 0,33%.
A renúncia de Mauro Coelho vem após a Petrobras anunciar na sexta-feira novo aumento no preço dos combustíveis.
"O dividendo proposto está alinhado à política de remuneração aos acionistas, que prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões [no trimestre, ficou em US$ 58,5 bilhões], a Petrobras poderá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos). Além disso, a política também prevê a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, desde que a sustentabilidade financeira da companhia seja preservada", disse a petroleira em comunicado.
Ainda segundo o documento, a aprovação do dividendo proposto é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia e está alinhada ao compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural.
Entenda porque a Petrobras lucrou R$ 106,6 bilhões em 2021
Em 2021, a Petrobras já apresentou um lucro bastante robusto, de R$ 106,6 bilhões, resultado que representou um crescimento de 1.400% em relação ao ano anterior.
Segundo a empresa, o lucro recorde de 2021 refletiu a alta de 77% do preço do petróleo Brent, em reais, maiores volumes de venda no mercado interno e melhores margens na venda de combustíveis, além de reversão de perdas contábeis.
Em 2021, as cotações internacionais do petróleo se recuperaram dos pisos observados durante o início da pandemia e o dólar disparou para acima dos R$ 5, com impactos nas margens de venda de petróleo e de derivados.
No balanço de 2021 divulgado no final de fevereiro, o então presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que o resultado comprova que "uma empresa saudável e comprometida com a sociedade é capaz de crescer, investir, gerar empregos, pagar tributos e retornar dinheiro aos seus acionistas, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do país'.
Com petróleo e derivados mais caros, a Petrobras teve uma receita de R$ 452,7 bilhões em 2021, alta de 66,4% em relação ao ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, cresceu 64,1%, para R$ 234,5 bilhões.
As vendas de combustíveis pela Petrobras cresceram 8,5% no ano, em relação a 2020, ano mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, chegando a 1,8 milhão de barris por dia. A produção de petróleo e gás, porém, caiu 2,2%, para 2,7 milhões de barris por dia.
Em 2021, os preços dos combustíveis nos postos brasileiros atingiram seus maiores valores desde o início da série histórica da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), em 2002, se tornando uma fonte de dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
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