O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou nesta quinta-feira (14) que a mineradora é uma “joia” e “não pode ser condenada por um acidente, por maior que tenha sido a tragédia”.
O executivo prestou depoimento na comissão externa da Câmara dos Deputados, em Brasília. Schvartsman afirmou ainda que a barragem de Brumadinho (MG), que rompeu no dia 25 de janeiro, não apresentava risco iminente.
Segundo ele, foi a primeira vez que uma estrutura desativada se rompeu. A barragem não era usada desde 2015.
Sobre o fato de o refeitório e a sede administrativa da empresa estarem abaixo da barragem, Schvartsman disse que o gerente local de cada mina tem a autonomia para decidir sobre onde construir os prédios.
“O gerente local tem autonomia de investimento de R$ 40 milhões, sem perguntar nada para ninguém. Não vem para a diretoria se vamos construir refeitório aqui ou acolá, vamos mudar prédio administrativo para aqui ou acolá”, afirmou o executivo.
De acordo com o presidente da Vale, o fato de o gerente responsável por Brumadinho ter morrido no local provaria que a empresa não tinha conhecimento de problemas. Até esta quinta-feira, eram 166 mortos e 155 desaparecidos.
Na quarta-feira (13), parentes de trabalhadores mortos, assim como funcionários da empresa e de terceirizadas da mineradora, decidiram não aceitar o acordo proposto na semana passada.
A recusa deverá ser formalizada por meio do MPT (Ministério Público do Trabalho), que participou da assembleia.
A Vale apresentou ao MPT proposta com indenização por danos morais de R$ 75 mil a R$ 300 mil, dependendo do parentesco com a vítima.
A empresa se comprometeu com o pagamento mensal correspondente a dois terços do salário líquido do trabalhador morto até a data em que ele completaria 75 anos e garantia de “emprego ou salário” para os empregados de Brumadinho até o fim de 2019.
“Hoje, pelo que nós vimos, não vamos concordar com essas propostas. Vamos discutir para sair uma outra proposta”, disse o procurador Aurélio Agostinho Verdade Vieito ao fim da assembleia.
Colaborou Bernardo Barbosa, do UOL
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