Abcam pede que retirada dos bloqueios; CNTA diz que Temer quer dividir categoria

Mais cedo, presidente da Abcam disse ia "correr sangue" se tentassem tirar manifestantes

Brasília e Ribeirão Preto (SP)

A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) divulgou, na tarde desta sexta-feira (25), uma nota para pedir que os caminhoneiros retirem as interdições nas rodovias

O pedido vem após o anúncio de que o governo autorizará agentes do Exército, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Polícia Militar a desobstruir rodovias, inclusive entrando nos caminhões para retirá-los até mesmo dos acostamentos.

"Preocupada com a segurança dos caminhoneiros envolvidos, [a Abcam] vem publicamente pedir que retirem as interdições nas rodovias, mas mantendo as manifestações de forma pacífica, sem obstrução das vias", diz o documento.

O texto é assinado pelo presidente da entidade, José da Fonseca Lopes, que, antes, afirmou à Folha que o acordo firmado por outras entidades com o governo nesta quinta-feira (24) não conseguirá acabar com a paralisação e que "pode correr sangue", a depender do emprego de força policial.

Na nota divulgada na tarde desta sexta-feira, Fonseca diz que o "caos" se deve a uma reação tardia do governo do presidente Michel Temer e diz que, agora, há uma "ameaça" aos caminhoneiros.

"É lamentável saber que mesmo após tanto atraso, o presidente da República preferiu ameaçar os caminhoneiros por meio do uso das forças de segurança ao invés de atender às necessidades da categoria", diz o texto. 

A associação tem defendido que a manifestação só deve terminar quando o governo zerar a cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel.

O presidente da Abcam deixou a reunião com o governo, nesta quinta-feira (24), antes do fim e afirmou que não firmaria acordo com o Palácio do Planalto.

CNTA 

Em vídeo divulgado por sua assessoria, o presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, também criticou a fala do presidente de República. Bueno disse que as lideranças que participaram de reunião em Brasília nesta quinta-feira (25) não se comprometeram a encerrar imediatamente as paralisações.

"Presidente Michel Temer, ao contrário do que o senhor falou, nós que sentamos à mesa ontem (24) para levar as reivindicações da categoria e trabalhar por uma resposta para ser levada à categoria, que é a única que tem a capacidade de decidir pela continuidade ou a desmobilização desse movimento".

De acordo com ele, em nenhum momento nenhuma das entidades que participaram do encontro se posicionou no sentido de comprometer ou desmobilizar as paralisações.

"Não concordamos com o que o senhor [Temer] falou e lamentamos essa condução que está sendo feita pelo governo, tentando dividir a categoria", disse.
 

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