Neg�cios can�bicos buscam brecha no pa�s; especialista v� risco de apologia
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
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O empres�rio Alexandre Perroud, 49, da Ultra 420, que inclui loja e m�quinas de venda autom�tica |
A garagem de um coworking da Vila Madalena (zona oeste de S�o Paulo), abrigou no final de outubro a vers�o paulistana da Maratona Ignition, evento voltado a interessados em empreender no mercado can�bico.
Foram apresentados produtos e servi�os relacionados � maconha, como a farm�cia fitoter�pica voltada ao uso medicinal e uma escola dedicada a conte�dos cient�ficos sobre a droga para m�dicos e parentes de doentes que podem usar o canabidiol.
"Tudo � muito novo nessa �rea, por isso alguns empreendedores v�o precisar dar a cara a tapa para abrir mercado", diz Fernando Finger Santiago, da empresa brasiliense de coworking 55.Lab, respons�vel pelo evento.
Representantes dos oito projetos pr�-selecionados na maratona tiveram tr�s minutos para mostrar propostas.
A vencedora do evento foi a Cosmonauta Inc, dos professores Marcio Ramos, 45, e Luiz Carlos Vetere, 52. Eles apresentaram o Sputinik, equipamento que, unido a um aplicativo, permite controlar e automatizar o cultivo de plantas medicinais -e que tamb�m pode ser usado nas estufas de maconha.
O aparelho j� come�ou a ser vendido em lojas por cerca de R$ 950, mas n�o pode ser associado ao cultivo da maconha, proibido no Brasil.
Vetere conheceu a ind�stria can�bica durante uma viagem ao Chile, onde o plantio � liberado para uso medicinal. Ele e Ramos j� investiram R$ 40 mil no Sputinik. A previs�o � que o produto comece a ganhar escala a partir do 1� trimestre de 2018.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Outra empresa selecionada para a consultoria oferecida na maratona � a PlantandoBem. O objetivo � ser uma esp�cie de universidade voltada � capacita��o de profissionais de sa�de e familiares de pacientes que ir�o se beneficiar do canabidiol.
O consumo medicinal � o mercado que a Cure Drop pretende explorar. A empresa apresentou o projeto de uma farm�cia fitoter�pica can�bica que far� a extra��o e a comercializa��o de �leos para o tratamento de doen�as, como c�ncer e Alzheimer.
Esse tipo de atividade ainda n�o � autorizada pela Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria). A previs�o � que a libera��o do plantio para pesquisa e da produ��o para uso medicinal aconte�a no 1� semestre de 2018.
No in�cio deste ano, a ag�ncia concedeu o registro do primeiro rem�dio � base de Cannabis sativa no pa�s, o Mevatyl (laborat�rio Beaufour Ipsen), vendido sob prescri��o m�dica. J� a HempMeds Brasil, primeira empresa autorizada a importar o canabidiol, prev� que o registro do seu �leo de c�nhamo sai em 2018.
ZONA CINZENTA
Secret�rio Antidrogas durante o governo Fernando Henrique Cardoso, Walter Maierovitch alerta que a legisla��o em vigor cria uma esp�cie de zona cinzenta sobre o que pode ser um neg�cio e o que caracteriza apologia ao uso da droga ou facilita��o ao crime de tr�fico.
"O porte de maconha ainda � crime, s� n�o existe mais a pena de pris�o. Quem quer investir nessa �rea precisa ficar atento ao que a lei prev�, inclusive no uso medicinal, mas tudo avan�a de forma lenta", explica Maierovitch.
Coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Neg�cios da Funda��o Getulio Vargas, Tales Andreassi tamb�m acredita que buscar o pioneirismo em um mercado n�o regulamentado traz tanto o risco de perder o investimento quanto de ter de responder na Justi�a.
"Pode at� ser uma op��o para quem pretende exportar para pa�ses onde o consumo � liberado, mas se estar� � margem da lei no Brasil, sendo dif�cil tra�ar uma meta de expans�o devido �s restri��es", diz o especialista.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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L� FORA
A Holanda j� foi uma esp�cie de "Disney" para consumidores e empreendedores can�bicos. Mas com as mudan�as na legisla��o em outros pa�ses, os neg�cios da maconha se expandiram.
Nos EUA, de acordo com a consultoria ArcView Market Reasearch, o mercado medicinal da Cannabis deve chegar a US$ 10,7 bilh�es em 2020, e o de uso recreativo, a US$ 12 bilh�es.
Hoje, 26 Estados americanos autorizam o uso medicinal e quatro permitem o recreativo. � poss�vel at� se graduar em maconha na Universidade do Norte do Michigan.
Nos �ltimos anos, o Brasil viu vizinhos como Uruguai, Chile e Peru flexibilizarem suas pol�ticas de puni��o ao consumo de maconha.
O aplicativo BudBuds, criado por um brasileiro que se mant�m sob anonimato, come�ou a ser oferecido em setembro no Chile, no Uruguai, na Argentina e na Col�mbia.
O app rastreia a Cannabis por QR Code, sendo poss�vel saber qual � a esp�cie e como plant�-la. A empresa foi aberta nos EUA por quest�es jur�dicas, diz Rog�rio Barros, um de seus executivos, j� que o pa�s tem Estados que permitem o consumo.
Foram investidos cerca de US$ 500 mil no BudBuds -parte veio de um investidor-anjo. O aplicativo � gratuito e a receita deve vir da oferta de servi�os e de produtos.
JOGO DE TABULEIRO
Apesar de ser um mercado que ainda passa por mudan�as, Mauro Leno, 34, decidiu desenvolver seu produto para o mercado brasileiro. Ele e mais dois s�cios criaram o jogo de tabuleiro O Jardineiro Feliz, que prop�e misturar divers�o e educa��o can�bica, com informa��es sobre esp�cies, plantio e curiosidades.
Leno, que venceu a primeira vers�o da Maratona Ignition, busca investidores.
A Papelito, dos irm�os Chrystian, 28, e Rossini Sarkis Silva, 30, de Bras�lia, atua no mercado de seda para cigarros desde 2011. No come�o, foram investidos R$ 100 mil.
"As primeiras vendas foram em Bras�lia, em lojas de conveni�ncia, mas com o tempo fechamos parceria com um grande distribuidor de cigarros, e hoje estamos em 23 Estados", conta Silva.
O empres�rio calcula que a Papelito chegar� a um faturamento de R$ 7 milh�es neste ano, um aumento de 20% em rela��o a 2016.
Os acess�rios para o consumo de maconha s�o o principal neg�cio de Alexandre Perroud, 49, dono da Ultra420. Ele tem uma loja pr�pria na Galeria Ouro Fino, nos Jardins (zona oeste de SP), aberta em 1994, e franquias em Campinas (SP) e no Rio de Janeiro. Mais uma ser� inaugurada no m�s que vem, em Perdizes (zona oeste).
Al�m das franquias, o empres�rio distribui seus produtos a outros lojistas, comercializa por e-commerce e est� em fase de ajuste de m�quinas de venda autom�tica.
"Comecei em uma �poca em que a repress�o era muito grande, minha loja passou por sete batidas policiais em oito meses. Busquei informa��es com um advogado para saber se o que estava fazendo era ilegal e fui alertado sobre o que poderia oferecer", conta Perroud. De acordo com ele, cada loja fatura por m�s, em m�dia, R$ 25 mil.
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