Presidente da Fiesp de 1986 a 1992, Mario Amato morre aos 97 anos
Jo�o Sal - 15.ago.2006/Folhapress | ||
O empres�rio Mario Amato no Instituto Tomie Ohtake, em S�o Paulo, (SP) |
Morreu na quinta-feira passada (26), aos 97 anos, o empres�rio Mario Amato, ex-presidente da Fiesp (Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo), entidade da qual tamb�m era presidente em�rito. A informa��o s� foi divulgada nesta ter�a (31).
Empres�rio de v�rios setores, como papelaria, m�quinas, m�veis e eletroeletr�nica, Amato dirigiu a Fiesp logo no in�cio da redemocratiza��o do pa�s, de 1986 a 1992, per�odo em que foram lan�ados tr�s planos econ�micos para tentar controlar a infla��o: Cruzado (1986), Bresser (1987) e Collor (1990).
Em 1989, na retomada elei��es diretas para a presid�ncia da Rep�blica, declarou apoio � candidatura de Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstru��o Nacional (PRN).
Foi na campanha que elegeu Collor � Presid�ncia, em outubro de 1989, ali�s, que o l�der empresarial proferiu uma de suas mais famosas declara��es: "Uns 800 mil empres�rios v�o deixar o Brasil se o Lula for eleito".
No entanto, a entidade que presidia foi chamada por Collor de "cart�rio que reunia o que existia de mais atrasado no empresariado brasileiro".
Os atritos continuaram durante a campanha. Quando recebeu o candidato, que expunha seu programa de governo � Fiesp, Amato teria olhado para o rel�gio, encurtando o encontro e perguntando quanto Collor queria.
Quando a CPI sobre PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor, divulgou seu relat�rio final, Amato leu nota de rep�dio em que a Fiesp reconhecia "absoluta necessidade de exemplar puni��o".
Alguns anos mais tarde, arrependeu-se publicamente pela sugest�o de fuga do empresariado caso o PT chegasse ao Planalto: "Fui maldoso e n�o fui leal com o Lula".
Para Paulo Skaf, atual presidente da Fiesp, "Mario Amato foi um l�der empresarial que deu uma importante contribui��o para a hist�ria do Brasil".
Al�m de conduzir a associa��o empresarial paulista, Amato tamb�m presidiu a Confedera��o Nacional da Ind�stria entre 1994 e 1995. Defendeu microempresas e o servi�o social.
No segundo mandato � frente da Fiesp, defendeu a diminui��o da participa��o do Estado na economia, com liberdade total de pre�os - limitando o controle apenas aos produtos da cesta b�sica.
Tomou parte tamb�m em entidades culturais e desportivas: foi conselheiro do Teatro Municipal de S�o Paulo, diretor da Federa��o Paulista de Futebol e presidente da Federa��o de Automobilismo de S�o Paulo.
Na �rea educacional, um dos projetos implementados em sua gest�o foi a s�rie infantil R�-Tim-Bum, produ��o conjunta do Sesi e da TV Cultura de S�o Paulo.
INTELIGENTE, APESAR DE MULHER
Amato tinha estilo r�gido e produziu muitas frases pol�micas. Em 1989, disse que a ent�o ministra do Trabalho, Dorothea Werneck, era "inteligente, apesar de ser mulher".
O empres�rio tinha grande influ�ncia n�o s� entre seus pares como entre os pol�ticos. Durante o governo Sarney (1985-1989), foi chamado de Bakunin pelo presidente por ter feito cr�ticas � pol�tica econ�mica. Amato respondeu � provoca��o com o lan�amento de vodca com o nome do anarquista russo.
Pouco tempo depois, Sarney e Amato selaram as pazes, e as visitas a Bras�lia tornaram-se frequentes.
A missa de s�timo dia ocorre nesta quinta (2), �s 12h, na Par�quia S�o Jos� (rua Dinamarca, 32, Jardim Europa, S�o Paulo).
FAM�LIA E EMPRESAS
Amato nasceu em S�o Paulo, filho de Jos� Amato e da italiana Olga Amato. Seu pai era dono de uma alfaiataria e de uma loja de casemira na rua S�o Bento, em S�o Paulo, segundo o CPDOC da FGV.
Aos 14 anos, o impacto da crise de 1929 levou seu pai � fal�ncia e o garoto teve que deixar o col�gio Anglo-Latino para trabalhar. Empregou-se em uma empresa de revenda de pap�is no atacado, onde subiu at� se tornar gerente-geral.
Ao mesmo tempo, voltou � escola, concluiu o gin�sio, fez curso de contabilidade e entrou para o curso de economia da da Faculdade Armando �lvares Penteado.
Prop�s sociedade ao futuro sogro, propriet�rio da Amorim e Coelho Corti�as S.A. e, em 1948, deixou a empresa para abrir seu pr�prio neg�cio. Na f�brica de corti�as, montou uma se��o de papel. Ao mesmo tempo, passou a ajudar o sogro na administra��o da empresa.
Com o crescimento da ind�stria de bebidas ap�s a Segunda Guerra Mundial, a empresa se expandiu e passou de 18 a 350 empregados.
Em 1945, segundo a FGV, Amato montou uma f�brica de m�quinas, a Pratic, para a ind�stria de bebidas, que depois se associou � alem� KHS.
Teve ainda participa��o em cerca de 11 empresas, entre as quais Metal Frio, Panasonic, M�veis de A�o Fiel, Springer-Carrier, em associa��o com o grupo americano Carrier, e Springer-National, em associa��o com o grupo japon�s Matsushita.
Casado com Rog�ria Pinto Coelho, teve tr�s filhos.
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