'Trip�' macroecon�mico deve ser abandonado para retomar o crescimento
"� necess�rio p�r de lado o modelo macroecon�mico vigente desde 1999, baseado no trip� c�mbio flutuante, metas de superavit prim�rio e metas (r�gidas) de infla��o." A vis�o � de Jos� Luis Oreiro, professor de economia da Universidade de Bras�lia.
Para ele, o rompimento com as "velhas ideias � fundamental para o desenvolvimento do Brasil".
Sua proposta de mudan�a defende: 1) flexibiliza��o do regime de metas de infla��o; 2) mudan�a do regime de pol�tica fiscal em dire��o a um sistema baseado na obten��o de metas de superavit em conta-corrente do governo; 3) ado��o de uma pol�tica de administra��o da taxa de c�mbio por interm�dio da constitui��o de um fundo de estabiliza��o cambial; e 4) uma reforma geral do sistema financeiro.
Para Oreiro, "o atual modelo econ�mico manteve uma combina��o perversa entre juros elevados em termos nominais e reais, c�mbio apreciado e baixo investimento p�blico em obras de infraestrutura econ�mico-social".
Sua an�lise � um dos destaques de "O Que Esperar do Brasil?", colet�nea organizada por Luiz Carlos Bresser-Pereira lan�ada pela FGV. No livro, 14 artigos de 18 autores avaliam a economia e a pol�tica nos �ltimos anos no pa�s.
Para Oreiro, o atual regime de metas de superavit prim�rio � m�ope, pois n�o percebe os efeitos sobre o crescimento de longo prazo de um aumento dos gastos de investimento do setor p�blico.
J� o modelo de metas de infla��o deveria ser baseado no cora��o da taxa, retirando efeitos de alta de pre�os, suscet�veis a choques de oferta.
Segundo ele, o Banco Central s� deveria reagir a situa��es de excesso de demanda permanente. O prazo de converg�ncia para a meta deveria ser estendido de um para dois anos. Preocupado com a desindustrializa��o, Oreiro prega a ado��o de um regime de c�mbio administrado, com o uso de controles � entrada de capitais no pa�s.
CONTRADI��ES
Enquanto o professor da UnB descreve detalhes para uma reviravolta na pol�tica econ�mica, outros textos do livro abordam contradi��es do modelo.
Bras�lio Sallum Jr., professor de sociologia da USP, pergunta-se, por exemplo, de onde veio o suporte empresarial ao governo Lula, que em muitos aspectos afetou a competitividade da ind�stria.
Opina: "O empresariado industrial tamb�m tira proveito, como rentista, da pol�tica macroecon�mica mantida desde 1995".
Comentando as alian�as que viabilizaram o desenvolvimento em v�rios pa�ses na hist�ria, Bresser-Pereira percorre essa seara e desabafa:
"Sou cidad�o de um pa�s cujas elites s�o muito diferentes da chinesa, muito mais dependentes, e que, por isso, adotam com frequ�ncia pol�ticas econ�micas que n�o atendem aos interesses nacionais brasileiros".
Avaliando os desempenhos na pol�tica externa dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, Rubens Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington (1999-2004), condena o que identifica como "partidariza��o" do Itamaraty.
Na sua an�lise, "a pol�tica externa deixou de representar apenas os interesses permanentes do Estado brasileiro para defender a plataforma do governo de turno. A prioridade das rela��es Sul-Sul deixou em posi��o secund�ria a coopera��o com as na��es desenvolvidas".
A piora da economia, evidenciada com a divulga��o de dados do PIB nesta semana, faz com que algumas das previs�es que constam do livro se mostrem muito otimistas. Com Dilma, houve freio no crescimento, e muitos especialistas apostaram na manuten��o do avan�o. A trava econ�mica refor�a a necessidade de debater ideias diferentes, como as de Oreiro.
A obra ainda aponta para quest�es persistentes no pa�s. Como lembra o soci�logo Andr� Singer, da USP, se o ritmo de crescimento do final dos anos Lula tivesse sido mantido, em 2016 chegar�amos a um indicador de desigualdade um pouco inferior ao de 1960 (quando foi feita a primeira pesquisa sobre o tema).
"Ap�s duas d�cadas de um regime militar concentrador e de outras duas d�cadas de estagna��o, as pol�ticas de redu��o da pobreza nos levar�o de volta ao limiar de onde come�amos a regredir", observa ele. � uma medida do tamanho do problema.
O QUE ESPERAR DO BRASIL?
AUTOR Luiz Carlos Bresser-Pereira (org.)
EDITORA FGV
QUANTO R$ 75 (352 p�gs.)
AVALIA��O Bom
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