"Economist" � uma advert�ncia ao governo sobre credibilidade, diz Delfim
O economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto, conselheiro da presidente Dilma Rousseff na �rea econ�mica, fez um alerta nesta ter�a-feira sobre a perda de credibilidade do governo. A edi��o de outubro da revista brit�nica "The Economist", que questiona o crescimento da economia brasileira, foi citada por Delfim como uma "advert�ncia" ao pa�s.
"A Economist � uma advert�ncia externa para n�s: a coisa est� caminhando, mas preste aten��o, pois existem dificuldades", disse o ex-ministro durante palestra na Associa��o Comercial de S�o Paulo.
Para ele, a revista errou duas vezes. Primeiro em 2009, quando fez uma capa com a figura do Cristo Redentor na forma de um foguete, prestes a levantar voo, com o t�tulo "Brazil takes off" ("Brasil decola"). Agora, erra novamente ao publicar a imagem do Cristo em trajet�ria de queda e o t�tulo "Has Brazil blown it?" ("O Brasil estragou tudo?"). "Ela errou, exagerou, mas na verdade n�o inventou", afirmou.
Apesar de considerar que existe um pessimismo exagerado na economia, o ex-ministro enumerou fatores que contribu�ram para a perda de credibilidade do governo Dilma: financiamentos question�veis feitos pelo BNDES e Caixa Econ�mica Federal, a "contabilidade criativa" para melhorar os n�meros do governo, interven��es mal sucedidas em portos e aeroportos, desarranjos na Petrobras e expectativas de crescimento n�o confirmadas.
INFRAESTRUTURA
Outro problema levantado pelo ex-ministro s�o as dificuldades que o governo tem encontrado para deslanchar os investimentos em infraestrutura. "O governo se recusa a entender que leil�o n�o � coisa para amador. Leil�o � para profissional", disse. Para ele, o modelo adotado hoje para os certames n�o � adequado.
"O leil�o s� pode se referir a um dos dois lados: ou eu fixo a qualidade e o leil�o vai dar a taxa de retorno m�nima para atender �quela qualidade, ou eu fixo a taxa de retorno e o leil�o vai dar a maior porcaria para produzir aquela qualidade. E esse � o resultado que n�s temos obtido sempre."
Para Delfim, a desconfian�a m�tua entre o governo e o setor privado tamb�m piorou a credibilidade da administra��o de Dilma. Mas, para o ex-ministro, a presidente fez, na semana passada, a primeira tentativa para melhorar essa situa��o.
"A presidente teve um ataque de lucidez em Nova York e disse uma frase extraordin�ria: 'n�s precisamos do setor privado n�o s� pelos recursos financeiros, mas porque � muito mais eficiente do que n�s [setor p�blico]'. � hora de de exigir do governo consequ�ncias do que est� afirmando", disse o ex-ministro.
O aumento dos gastos do governo na economia � apontado pelo ex-ministro como uma das explica��es para os problemas que o Brasil enfrenta atualmente. Ele lembrou que, entre as d�cadas de 1950 e 80 -quando o Brasil crescia 7,5% ao ano-, a carga tribut�ria era 24% do PIB e o governo investia 5% do PIB em infraestrutura. Assim, o governo consumia e distribu�a 19% do PIB.
Hoje, citou Delfim, a carga tribut�ria � 36% do PIB e o investimento, de apenas 2%. A diferen�a (34%) � consumida e distribu�da pelo governo. Segundo Delfim, essa redistribui��o revela uma transfer�ncia de recursos do setor mais eficiente [privado] para o menos eficiente [p�blico], resultando em menor produtividade.
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