A atriz Regina Duarte usou o seu perfil no Instagram para postar uma foto do decreto de sua exoneração do cargo de secretária especial de Cultura, publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (10). "Deu-se! Ufa!", escreveu Regina.
O presidente Jair Bolsonaro já havia anunciado a saída da atriz no dia 20 de maio e, agora, oficializa a exoneração.
"Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o governo e a cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em São Paulo. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias", escreveu o presidente em suas redes sociais naquele dia.
Regina assumiu a pasta da cultura no dia 4 de março, após uma intensa polêmica no órgão envolvendo o então secretário Roberto Alvim, afastado do cargo por fazer apologia do nazismo.
Quando disse que deixaria a Secretaria Especial da Cultura, Regina anunciou que o presidente havia destinado a ela um cargo na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A possibilidade disso ocorrer, no entanto, já foi descartada pelo governo.
A instituição deixou de ser administrada diretamente pelo governo federal há quatro anos, quando teve sua gestão transferida para a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto.
Após ser entrevistada pela CNN no dia 7 de maio, Regina causou polêmica nas redes sociais por cantar um dos hinos do regime militar e dizer que a pandemia do novo coronavírus estava "trazendo uma morbidez insuportável".
"Na humanidade, não para de morrer gente. Se você falar de vida, do lado tem morte", disse a atriz quando questionada sobre mortes na ditadura militar, período elogiado diversas vezes por Bolsonaro. Segundos antes, ela havia cantado "Pra Frente Brasil", jingle da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970.
A então secretária terminou a entrevista dando chilique ao vivo após se recusar a ouvir críticas à sua gestão feitas pela atriz Maitê Proença. No depoimento enviado à CNN, Proença pedia que a atriz apresentasse soluções de amparo à classe artística brasileira, que enfrenta atualmente diversos prejuízos causados pela pandemia da Covid-19.
"Eu não quero ouvir, ela tem o meu telefone", disse Regina com irritação após retirar os fones de ouvido e balançá-los enquanto o pronunciamento de Proença era exibido pela emissora.
No dia seguinte, um grupo de 512 artistas, envolvendo atores, músicos, escritores e outros profissionais ligados à indústria cultural, assinaram um manifesto de repúdio à então secretária.
Na carreira de atriz, ela passou por diversos papéis no teatro e na televisão. Em 1971, fez parte do elenco de "Minha Doce Namorada", que lhe rendeu o apelido de "namoradinha do Brasil", e, anos mais tarde, trabalhou no seriado "Malu Mulher", que tratou de temas como orgasmo, masturbação, aborto e homossexualidade e deu a ela prestígio junto à esquerda.
Regina Duarte foi quarta pessoa a assumir a Secretaria Especial da Cultura em um ano. Até o momento, não foi oficializado o nome de um substituto para o cargo, embora o ator Mário Frias seja uma possibilidade, segundo o próprio presidente.
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