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Hollywood sempre buscou o exotismo e a diversificação de costumes. Desde os anos 1960 isso se intensificou e se tornou necessário pesquisar melhor os costumes do país distante que servirá de locação a suas fábulas para não abusar do acúmulo de estereótipos ou de preconceitos, que são quase inevitáveis.
No caso de "Podres de Ricos", baseado no best-seller de Kevin Kwan, o diretor, Jon M. Chu, é americano filho de chineses, o que isenta um pouco o filme de certo exotismo primário no trato com alguns personagens secundários (enquanto os principais, felizmente, são melhores construídos).
O título brasileiro é um tanto coloquial, mas de certo modo traduz bem o original ("Crazy Rich Asians"). A questão é justamente a diferença de costumes.
Temos de um lado uma jovem americana filha de chineses, Rachel Chu (Constance Wu, que brilha em cena, como pede a personagem). De outro, seu namorado, Nick Young (Henry Golding), principal herdeiro de um império em Singapura.
Rachel vive de lecionar economia na Universidade de Nova York. Quando Nick a convida para o casamento de seu melhor amigo, em Singapura, sua mãe logo a alerta que ela deverá enfrentar diferentes visões de mundo e os preconceitos oriundos de uma outra classe social. Sábias palavras.
O que veremos, então, é a batalha de Rachel para ser aceita na família Young, capitaneada pela "vilã" Eleanor (Michelle Yeoh), mãe de Nick. Ela defende os valores familiares e por isso só aceita para seu filho uma noiva de alta classe social.
Outra opção para Rachel é trazer o namorado para seus domínios e fazê-lo dar uma banana ao império da família para os dois se casarem em Nova York. A sombra do que foi deixado para trás seria então uma constante perigosa na vida do casal. Está definido o dilema.
"Podres de Ricos" segue rigorosamente a fórmula de sucesso da comédia romântica hollywoodiana, com suas curvas dramáticas, coadjuvantes carismáticos e os pequenos conflitos que adornam os grandes.
O fato de se passar boa parte em Singapura dá um colorido diferente e areja um pouco as coisas. No mais, estamos no terreno do já visto. Felizmente, a exploração desse terreno é bem feita o suficiente para torcermos o nariz poucas vezes.
Mas diversas cenas são tolas. Elas se acumulam principalmente na meia hora final, graças à necessidade de se criar um conflito extra além daqueles que já estavam dados. Se o filme não tivesse demonstrado um forte poder de conquista do espectador, este poderia ser perdido com mais facilidade.
O fato é que nos divertimos com um filme bem levado a partir de uma história simples e batida, com bons atores e atrizes (Michelle Yeoh e Constance Wu, especialmente), diálogos interessantes e um duelo charmoso à beça no final, entre Rachel e Eleanor, como manda o figurino.
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