"Kurosawa gostava de afirmar que todo artista possui, em última análise, somente um tema. No caso dele, dizia, era saber por que os homens não conseguem viver juntos, mais felizes e em busca do bem superior", resumiu o crítico japonês Akira Iwasaki (1903-81).
O longa "O Anjo Embriagado" (1948), que chega às bancas neste domingo (19) por meio da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema, marca o início dessa trajetória autoral sobre questões existenciais profundas resultantes de situações banais ou extraordinárias.
Há duas temáticas recorrentes: o heroísmo e a busca pelo sentido da vida "A grandiosidade moral de seus personagens é resultado da tenacidade com que vivem, e o que se sobressai de cada uma de suas histórias é a sua potência humanista", escreve o professor e pesquisador Pedro Maciel Guimarães no livro que acompanha no DVD do filme. O quarto volume da coleção traz análises e ficha técnica.
Em "O Anjo Embriagado", o ator Toshiro Mifune (1920-1997), figura que viria a ser importante na cinematografia de Kurosawa, interpreta um gangster que foi ferido por outros criminosos e encontra um médico (Takashi Shimura) alcoólatra conhecido pelo vigor com que cuida de seus pacientes.
A crise que assolava o Japão no pós-guerra, retratado a partir de cenários insalubres, encontra ecos na derrocada da dupla de protagonistas de "O Anjo Embriagado".
Com mais de 30 filmes ao longo de 50 anos, ele se tornou o diretor japonês mais conhecido no exterior e é tido como o mais ocidental dentre os grandes daquele país. Citava entre suas maiores influências os americanos John Ford (1894-1973), de "O Delator" (23º volume da coleção, em 30/12) e D.W. Griffith (1875-1948), de "Intolerância" (30º volume da coleção, em 17/2).
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