Veja salas e horários de exibição
Em "O Orgulho", Neïla Salah (Camélia Jordana) é uma estudante universitária, filha de argelinos, que chega atrasada em seu primeiro dia de aula.
Ao entrar no auditório lotado, desperta a atenção do professor encarregado de fazer a palestra de boas-vindas, o polêmico Pierre Mazard (Daniel Auteil). Este começa uma série de provocações raciais, despertando a ira dos presentes.
Os alunos veteranos o conhecem de longa data, e parecem tratá-lo mais como uma figura folclórica do que como um racista de fato. O que não impede que sejam registradas muitas queixas contra ele.
O diretor da instituição, então, propõe que, se Pierre conseguir preparar Neïla para vencer um desafio de argumentações, a associação entre a universidade e a extrema direita estaria encerrada de vez, e o professor continuaria no cargo.
Sem alternativa, ele aceita o desafio. Ela reluta, mas termina topando. Inicia-se, então, este "Pigmalião" contemporâneo, que procura entender as razões e os exageros do chamado politicamente correto.
Não é fácil mexer nesse vespeiro. O diretor franco-israelense Yvan Attal toma o cuidado de não ferir sensibilidades, mas derrapa quando exagera na caracterização do professor falastrão. Por sorte, Auteil está em estado de graça, o que faz com que seu personagem seja marcante desde o início. Ajuda também que Jordana seja uma jovem atriz talentosa e carismática.
Como era de se esperar, ambos saem fortalecidos com o laço que os une. Mas a que preço? Vale a pena sustentar um professor excelente, mas preconceituoso? Até que ponto o "bullying" em sala de aula fortalece um caráter, como parece ser a tese levantada pelo filme?
No treinamento para o desafio, temos como base o livro de Arthur Schopenhauer, "A Arte de Ter Razão", no qual o filósofo alemão lista 38 estratagemas para se vencer qualquer discussão, chegando até a ofensa pessoal.
A narrativa avança claudicante, à maneira de um filme hollywoodiano contemporâneo. Mas não conseguimos desgrudar o olho da tela. O diretor Attal, também ator experiente, sabe que a melhor maneira de segurar uma plateia é extrair de seus atores o máximo da interpretação.
Auteil é o professor politicamente incorreto. Jordana é a estudante que não aceita engolir sapo. Graças a esses dois, à interação entre eles, e à discussão levantada, vemos "O Orgulho" com facilidade.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.