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"Desejo de Matar", o filme de 1974, quis chocar a plateia. E conseguiu, com a história de um pacato cidadão que resolve fazer justiça pelas próprias mãos quando sua mulher é assassinada por um assaltante. Criticado por fazer apologia da violência, consagrou Charles Bronson e rendeu quatro continuações.
"Desejo de Matar", o filme de 2018, é uma das mais inteligentes entre tantas refilmagens do cinema americano recente. Preserva a essência do original, mas substitui a intenção de impactar com violência desmedida por uma esperta crônica sobre a banalização da morte numa América armada até os dentes.
Em dada cena, o personagem de Bruce Willis visita uma loja de armas. A vendedora, uma loira sorridente, lhe apresenta um modelo de submetralhadora e diz: "Olha só como é leve. Parece que você está carregando um recém-nascido no colo".
A narrativa foi transferida de Nova York para Chicago. Como no filme de 1974, a introdução fornece estatísticas sobre a violência na cidade. Os números são exagerados, mas servem de contraponto à vida tranquila do cirurgião Paul Kersey, rico e com a filha prestes a começar a faculdade.
Três assaltantes invadem a casa do médico, matam sua mulher e deixam a filha em coma. Kersey passa pelo choque e pela depressão até ter vontade de pegar uma arma e sair à procura dos culpados.
Sem pistas, passa a andar pela noite matando qualquer bandido em seu caminho. O roteiro dará a ele a chance de encontrar os homens.
O novo "Desejo de Matar" é muito bom, e há quatro responsáveis por isso.
Um é o diretor Eli Roth, que passou de protegido de Quentin Tarantino a cineasta engenhoso. Um esteta da violência, que imprime sua assinatura em cenas de sangue jorrando a serviço de belas imagens.
Outra parcela do sucesso vem do escritor Brian Garfield. Entre vários romances policiais eficientes, ele chegou a uma obra definitiva em "Desejo de Matar". Mas é fundamental a contribuição do roteirista da refilmagem, Joe Carnahan, que tratou de modernizar o enredo com habilidade.
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