Em Frankfurt, jornalista exilado acusa Europa por autoritarismo turco
Ralf Hirschberger/AFP | ||
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Can D�ndar, jornalista que vive no ex�lio em Berlim h� 13 meses, divulga o livro "Von Istanbul nach Berlin" |
A liberdade de express�o na Turquia —ou melhor, a falta dela— continua uma tema central na Feira do Livro de Frankfurt, como j� havia sido na edi��o anterior.
Um dos destaques desta vez � o escritor e jornalista Can D�ndar, que vive no ex�lio em Berlim h� 13 meses. Ele, que divulga o livro "Von Istanbul nach Berlin" (de Istambul a Berlim) foi recebido no espa�o da revista alem� "Der Spiegel".
"Estamos esperando h� mais de 60 anos para ser membro da Uni�o Europeia. Se a Turquia tivesse entrado, n�o haveria um governo como o [do presidente Recep Tayyip] Erdogan. Teria sido uma prova de que a Uni�o Europeia n�o � um clube crist�o", disse ele.
D�ndar criticou ainda o que considera uma posta amb�gua da Alemanha em rela��o ao regime turco —e que Berlim cede �s chantagens do governo.
"De um lado, a Alemanha critica, mas as grandes empresas alem�s continuam fazendo com�rcio com a Turquia, vendendo armas por exemplo. � dif�cil explicar que est�o alimentando um regime islamo-fascista", afirmou.
D�ndar criticou o fato de, segundo ele, haver institui��es internacionais a servir de apoio ao regime, como a Interpol, que prende intelectuais apontados por Ankara como criminosos.
"N�o entendo como essa institui��o pode ser usada por ele. A Interpol precisa separar os criminosos comuns dos pensadores e escritores."
Ele acrescentou ainda que o fato de seu pa�s n�o ter entrado para a Uni�o Europeia permitiu a Erdogan se alinhar ao mundo isl�mico.
"Nos anos 1960, a Turquia era mais democr�tica que a Ucr�nia ou a Pol�nia hoje. Perdemos a chance. Quem acreditava nos princ�pios ocidentais ficou enfraquecido. A� Erdogan diz: 'n�o nos querem porque somos mu�ulmanos'. E a Turquia era o exemplo de que islamismo e democracia podem conviver."
EX�LIO
D�ndar vive em Berlim h� 13 meses, desde o golpe de Estado frustrado em seu pa�s. Ele, que j� havia sido preso com mais de 20 colegas de seu jornal, em 2016, por publicar uma reportagem mostrando como o governo vendia armas para terroristas na S�ria, estava em Barcelona e foi aconselhado a n�o voltar ao pa�s.
O autor diz que evita circular muito, porque Ankara incita a comunidade turca na Alemanha contra ele. D�ndar lembrou que, no dia do julgamento que o libertou, na Suprema Corte turca, um atirador tentou cometer um atentado contra ele – e s� n�o conseguiu porque sua mulher pulou em cima do criminoso e tomou sua arma.
"Ela foi muito corajosa. Ele queria ser um her�i aos olhos de Erdogan."
O jornalista acusa Erdogan de manter sua mulher como ref�m no pa�s. Ela j� teria tentado vir � Alemanha, mas teve seu passaporte confiscado no aeroporto. Quatro colegas dele envolvidos na reportagem que desagradou o governo ainda est�o presos.
"� engra�ado dizer, mas eu era mais livre quando estava preso. Dentro da cadeia, n�o havia mais o medo de ser preso. Mas � dif�cil ser corajoso com fam�lia e amigos amea�ados. E, aqui, as mesquitas fazem propaganda do governo. Carreguei a minha cela comigo para c�."
Nesta quinta (12), a Feira de Frankfurt receber� ainda Asli Erdogan —jornalista convidada ano passado, mas que n�o pode vir por estar presa. Na ocasi�o, ela enviou uma carta da cadeia para ser lida no evento editorial.
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