An�lise: Detalhes levam vis�o feminina a 'O Estranho que N�s Amamos'
"O Estranho que N�s Amamos", de Sofia Coppola, � uma vers�o de um filme e de um livro de 1966 escrito por Thomas Cullinan (1919-1995), todos de mesmo t�tulo ("The Beguiled", "o seduzido").
Em portugu�s os dois filmes ganharam a mesma tradu��o, "O Estranho Que N�s Amamos", e o primeiro � um cl�ssico dos anos 1970, com Clint Eastwood no auge do seu charme de macho alfa.
Na trama, um soldado da Uni�o, ferido, � resgatado por uma menina de um internato para garotas no Estado sulista da Virg�nia, dominado pela Confedera��o, durante a Guerra Civil americana.
O soldado, nortista, � visto como inimigo, mas, como est� muito machucado, recebe a ajuda das mulheres do col�gio j� quase vazio.
A hist�ria dos dois longas � id�ntica, mas os detalhes revelam de que lado est� a sensibilidade de cada diretor.
No filme de 1971, dirigido por Don Siegel (de "Dirty Harry"e "Alcatraz - Fuga Imposs�vel", ambos com Eastwood), Clint vira objeto de desejo quase incontrol�vel das mulheres mais velhas, enquanto se transforma em uma curiosidade das mais novas.
Ningu�m resiste a ele, que est� preso entre mulheres quase t�o cru�is quanto os soldados inimigos e n�o consegue ter controle dos seus instintos sexuais, ainda que tenha prefer�ncia por uma das alunas mais velhas.
Mas ele � um homem que pode ser violento e manipulador, portanto mais poderoso que as mulheres, tratadas como pessoas tensas, ciumentas, possessivas. � definitivamente um filme do ponto de vista de um homem.
No de Sofia Coppola acontece o oposto, e o filme � mais sutil, tanto com o sentimento do soldado quanto com o das mulheres. O estranho (Colin Farrell) � apenas um homem viril e bonito que atrai a aten��o delas. Desperta desejo nelas e elas nele, mas menos senso de perigo.
� o ponto de vista das mulheres que interessa aqui. E o estilo da diretora –que faz seu primeiro thriller, como se fosse um passo adiante na escola de "As Virgens Suicidas" e "Maria Antonieta"– leva o filme inteiro quase como um sonho, como se a escola existisse em outro tempo.
Nicole Kidman tem o papel mais importante, como a diretora, Martha, e ela tenta manter o controle e a ordem mesmo quando come�a a nutrir fantasias com o visitante.
A personagem de Kirsten Dunst, Edwina, � mais rom�ntica e direta, enquanto Elle Fanning, como Alicia, se sente pela primeira vez na vida atra�da por um homem. O soldado pensa que pode ter a mulher que quiser naquele grupo, mas est� subestimando suas hospedeiras.
� na cena central do filme que o ponto de vista, machista ou feminista, mais aparece, e essa n�o d� para contar.
S� posso dizer que, o que no filme original parece vingan�a, no de Coppola, que � muito melhor, parece inevit�vel e inesperado, como todo bom final de filme deveria ser.
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