Sofia Coppola faz releitura feminina de longa contado na vis�o de 'macho'
"O Estranho que N�s Amamos" original deve ser um dos filmes mais repulsivos do cat�logo de Clint Eastwood.
Ele faz um soldado da Uni�o na Guerra Civil americana (1861-1865) que, gravemente ferido, encontra abrigo em uma escola para meninas, gerando uma s�rie de conflitos.
O longa fracassou em 1971. Sua reinven��o por Sofia Coppola, 46, come�a com tomadas de paisagem, para estabelecer o clima, antes de se concentrar nas tens�es criadas pelo ambiente claustrof�bico e pela mistura de repress�o, juventude, viol�ncia, sexualidade e g�neros.
� uma hist�ria de horror, com�dia e relato de amadurecimento, tudo ao mesmo tempo –o que n�o deve surpreender quem tenha visto outros trabalhos de Coppola.
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Voc� nunca pareceu uma pessoa que faria uma refilmagem
� verdade. Sempre me lembro de o meu pai [Francis Ford Coppola] dizer que "ningu�m faz refilmagens se n�o for pelo dinheiro". N�o � uma coisa honrosa... Minha amiga Anne Ross, que � diretora de arte, viu o filme e me disse que achava que eu precisava fazer fazer uma vers�o nova. A� eu assisti ao filme, e ele ficou na minha cabe�a. Foi estranho.
E o que achou do filme?
� um produto dos anos 1970, aqueles zooms, os flashbacks. � um filme B cl�ssico para pessoas que realmente conhecem cinema. Pessoas que amam filmes amam esse filme. Gostei dele, mas era estranho ver um filme sobre mulheres relatado de um ponto de vista t�o de macho.
A maneira como lidaram com o desejo e a sexualidade � muito estranha. E a personagem que � escrava (Hallie) � estereotipada de modo intoler�vel. Gosto da ideia de uma hist�ria sobre mulheres em diferentes est�gios de suas vidas, e vi potencial para fazer do filme algo diferente.
Muita gente reclamou por Hallie ter sido cortada, por voc� tirar uma personagem negra.
A personagem n�o havia sido escrita de maneira respeitosa... Muitos escravos haviam fugido, �quela altura da guerra, e eu queria enfatizar a ideia de [as mulheres] estarem abandonadas. Elas n�o haviam sido criadas para tomar conta de si e se viram for�adas a aprender a sobreviver.
Martha, no original, � uma enfermeira s�dica. Nicole Kidman lhe d� mais amplitude.
Eu queria que a personagem tivesse dignidade; elas todas s�o mulheres em diferentes est�gios, mas todos os est�gios podem ser atraentes. Mesmo que ela seja assustadora, tamb�m � humana. Por isso, pode ter alguma dignidade e, sim, a ideia de que tamb�m sinta desejo n�o se torna algo grotesco e doentio.
Tradu��o de PAULO MIGLIACCI
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