'O cinema novo � um estado de esp�rito', diz diretor Eryk Rocha
O document�rio "Cinema Novo", de Eryk Rocha, abre um imenso leque para abarcar os ecos do movimento cinematogr�fico que arejou a produ��o brasileira a partir dos anos 1960. O filme, que estreou nesta quinta (3), faz um compilado das obras de cineastas como Glauber Rocha, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade e Nelson Pereira dos Santos.
O cora��o do filme � a edi��o: "Cinema Novo" faz uma esp�cie de colagem de cenas dos filmes daquela gera��o, como se tateando em busca de aproxima��es ou oposi��es. Depoimentos dos cineastas, datados daquela �poca, v�o ilustrando as inquieta��es daqueles realizadores que tiraram as c�meras dos est�dios e as botaram na rua, mirando para o rosto e os problemas dos brasileiros comuns.
Lia de Paula/Folhapress | ||
O cineasta Eryk Rocha, cujo document�rio "Cinema Novo" est� em cartaz |
"De largada, duas coisas eram claras: o filme seria narrado em primeira pessoa e tudo o que n�o dialogasse com o espectador atual n�o entraria", diz Eryk, que � filho do maior nome daquela gera��o de cineastas, Glauber Rocha.
"Cinema Novo" tamb�m inclui imagens de diretores como Domingos Oliveira, Walter Hugo Khouri e Luiz S�rgio Person –em geral n�o colocados sob aquele mesmo guarda-chuva. Os dois �ltimos, ali�s, eram tidos � �poca como opositores do movimento. O diretor diz que n�o quis reproduzir, d�cadas depois, os mesmos "ran�os e ressentimentos" das gera��es passadas.
"Meu filme � inclusivo e generoso, e deseja olhar a hist�ria como um movimento, e n�o como uma for�a est�tica, cristalizada", diz Eryk. "O cinema novo transborda, vai al�m de uma est�tica seminal, � um estado de esp�rito que continua ecoando."
De um depoimento de Cac� Diegues vem um dos dilemas centrais do movimento: ele procurou tratar dos problemas do povo, mas n�o alcan�ou tanto sucesso popular.
Eryk explica: "O cinema novo n�o se circunscrevia �quele momento, era um projeto de ruptura e reconstru��o, que mirava o futuro. Os problemas de p�blico que aquela gera��o enfrentou s�o os mesmos dos diretores de hoje: N�o se podia esperar que gente formada por outro tipo de linguagem aderisse na hora".
Escolhido como o melhor document�rio da sele��o oficial do Festival de Cannes, em maio, "Cinema Novo" desbancou obras de diretores como Jim Jarmusch e Rithy Panh.
Recentemente foi eleito um dos 13 melhores filmes do ano pelo MoMA –o Museu de Arte Moderna de Nova York, que faz um apanhado de "filmes que ressoam para al�m de seu lan�amento". Na lista h� tamb�m "Aquarius", de Kleber Mendon�a Filho", al�m de dois filmes de Pablo Larra�n: "Neruda" e "Jackie".
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