CR�TICA
CR�TICA: Marina Lima exp�e traumas e ressurge deslumbrante em SP
Marina Lima, depois de um tempo sem subir aos palcos e de reconhecer que j� n�o � mais a "esfinge cool e suingante" do auge de sua fama h� tr�s d�cadas, disse que "voz por voz n�o interessa", que "tem gente que tem uma voz linda e n�o diz nada".
A sua, no caso, j� foi mesmo estonteante, um timbre met�lico, glacial que falava de coisas quentes, do ver�o e do mar. Depois aquilo se quebrou, afinou, virou um nada ou caco fr�gil do que era. Teria sido um erro m�dico durante a remo��o de um calo nas cordas vocais ou mesmo o estrago de uma depress�o.
N�o importa. No palco do Cine Joia, no �ltimo fim de semana, Marina brilhou. N�o � que tenha voltado no tempo, mas estava firme em cena como n�o se via h� anos. Mesmo a voz, que costuma sumir l� pela metade dos versos, aguentou o tranco de todos os seus cl�ssicos, de "� Francesa" a "Fullg�s", passando por "Eu N�o Sei Dan�ar".
Gui Simi/Divulga��o | ||
Marina Lima em show com a banda Strobo no Cine Joia, em S�o Paulo |
Esta �ltima, ali�s, levou f�s ao del�rio. Ela pode n�o saber dan�ar, mas incendiou o palco e arrancou gritos e l�grimas daqueles que esperavam ouvir sobre paix�es explodindo e sua manjada "solid�o com vista para o mar".
Mas Marina n�o estava sozinha. Ela cantou durante a festa Pardieiro, projeto focado em m�sica brasileira do DJ Leandro Pard�, acompanhada da banda Strobo, de Bel�m, com arranjos cheios de graves para suas can��es.
E dan�ou muito. Tirou um casac�o mais comportado para revelar um corpo enxuto, exuberante debaixo de um body preto transparente – figurino de Isadora Gallas.
Tamb�m quebrou o tom nost�lgico e saudosista que vinha marcando seus shows e arriscou um protesto pol�tico. Em "Pra Come�ar", cantarolou "se o Cunha caiu, que o Temer caia", mas sem excessos, tudo naquela frieza calculada que virou quase uma marca.
Nessa m�sica em que pergunta "quem vai colar os tais caquinhos do velho mundo", Marina esbarrou num tom quase autobiogr�fico. Talvez estivesse falando dela mesma, uma estrela que amargou uma s�rie de perrengues e agora parece renascer com uma pot�ncia renovada, n�o artificial.
Ela cantava ali para uma plateia rarefeita, de f�s mesmo. Talvez por isso estivesse entregue, quase nua no palco, tomando seus goles de vinho de uma ta�a equilibrada sobre uma das caixas de som.
No fundo, Marina juntou seus caquinhos e se exibiu reconstru�da, � vontade com o passado, mas pronta para se arriscar num futuro incerto. Na poderosa "Vingativa", m�sica que fez com os garotos do Strobo, ela empresta vocais de seda a uma composi��o estridente, com o clima dos inferninhos que abra�aram as festas n�mades que dominam a noite da cidade.
Mas, antes de deixar o palco, ela n�o deixou ningu�m esquecer quem foi –ou melhor, quem voltou a ser– Marina. Ela emendou "� Francesa" e "Fullg�s", can��es ali revistas � luz estrobosc�pica da banda de Bel�m, algo cortante, mais robusto, mas sem deixar aquele seu langor de lado.
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