Mineira Marina Amaral resgata cenas hist�ricas ao colorir fotografias em pb
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Norte-americanos na Times Square, em Nova York, leem letreiro com not�cias sobre o Dia D |
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New York. June 6, 1944. Times Square and vicinity on D-day. Photo by Howard Hollem, Edward Meyer or MacLaugharie, 1944 June 6. |
Para Marina Amaral, fotos em preto e branco s�o como livros de colorir. Mas, em vez dos desenhos de jardins que fizeram sucesso no mercado editorial brasileiro em 2015, a mineira de 21 anos colore retratos de personalidades, como James Dean e Grace Kelly, e cenas de grandes acontecimentos hist�ricos, como as guerras mundiais ou a coroa��o da rainha Elizabeth.
Autodidata e "sem conhecimento pr�vio em fotografia", Marina vem chamando a aten��o de publica��es estrangeiras ao divulgar pela internet imagens coloridas de registros at� ent�o conhecidos apenas em suas vers�es originais e, portanto, monocrom�ticas.
O cinza do uniforme de um militar que hasteia a bandeira americana numa cidade ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra, por exemplo, � meticulosamente substitu�do por um sutil verde oliva. J� a blusa de Elvis Presley em um retrato de 1968 ao lado de sua ex-mulher Priscilla ganha um azul potente.
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Detentos no campo de concentra��o de Wobbelin, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial |
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Detentos no campo de concentra��o de Wobbelin, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial |
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Soldado hasteia bandeira americana no Baixo Reno, cidade francesa que foi ocupada pelos nazistas |
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Captain Thomas H.'' Garahan Waving The American Flag After The Liberation Of The City Of Bitche (Bas-Rhin), One Of The Last Pockets Occupied By The Germans In Alsace. On March 17, 1945. |
Embora o processo de coloriza��o de fotos n�o seja uma novidade, a "precis�o obsessiva e as cores quase perfeitas", como definiu a revista americana de tecnologia e cultura "Wired", impressionam.
"Meu objetivo n�o � tentar substituir a foto original, mas a hist�ria nunca se desenvolveu em preto e branco", diz a mineira. "Quero oferecer uma oportunidade para as pessoas conhecerem aqueles eventos como realmente ocorreram."
Resgatar a hist�ria como de fato ocorreu � imposs�vel, mas Marina se esfor�a para se aproximar das paletas de �pocas passadas. Antes de iniciar a pintura, ela procura refer�ncias do maior n�mero de itens presentes nas cenas.
Para a s�rie de dez retratos dos conspiradores do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lincoln, recorreu a transcri��es de depoimentos dos acusados, nos quais buscou descri��es das roupas que usavam naquele dia, al�m das cores dos olhos, cabelos e da pele de cada um.
Alterar "objetos e cicatrizes" e "modificar rostos" est�o fora de quest�o, mas a mineira limpa danos causados pelo tempo, como manchas, rasgos e peda�os amassados. "Tudo muito sutil", afirma.
A energia gasta com a procura de detalhes em "milhares de sites, documentos e livros" s� n�o � maior do que o tempo empregado na coloriza��o de algumas imagens.
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Garotos franceses em frente a tanque alem�o durante a 2� Guerra na regi�o da Normandia |
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Three French Boys Look At A Knocked-Out German Panther Tank In The Falaise Pocket. Near Falaise, Lower Normandy, France. 25th August 1944. |
UH/Folhapress | ||
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O ex-presidente Get�lio Vargas recebe jogadores da sele��o em fotografia colorizada a pedido da Folha |
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Em cerimônia de recepção � Seleção Brasileira de Futebol campeã do 1º Torneio Panamericano de Futebol, em Santiago, no Chile, Getúlio Vargas entrega taça ao jogador Ademir Menezes, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de abril de 1952. Presentes o ministro da Educação, Ernesto Simões da Silva Freitas Filho (barba branca) e Darcy Vargas. Durante a Era Vargas, o incentivo ao esporte, � educação, ao nacionalismo e � s manifestações culturais coletivas (futebol, carnaval, samba) tornou-se uma política de Estado, com o objetivo de implementar o desenvolvimento econômico e social do país. Rio de Janeiro. RJ, 26.04.1952. (Foto: UH/Folhapress) ORG XMIT: AGEN1205032019325695 Foto foi colorizada por Marina Amaral a pedido da Folha. |
Enquanto retratos simples podem ser conclu�dos em uma hora, uma foto complexa chega a levar meses at� ficar pronta. "Uma pedrinha min�scula na areia pode ser colorida com cinco, seis camadas diferentes. � um processo lento e minucioso", explica Marina, que faz tudo no Photoshop, programa de edi��o utilizado desde os 11 anos de idade e que, diz ela, aprendeu a usar com a ajuda de cursos on-line.
Ela conta que as encomendas s�o, em grande parte, de pessoas que querem fazer exposi��es com fotos de quando suas empresas foram fundadas ou restaurar registros de fam�lia. Cenas de casamento, ressalta, s�o as mais comuns.
Os pre�os variam: v�o de US$ 70 a US$ 300 d�lares (entre R$ 220 e R$ 970), para os casos mais trabalhosos. Os valores s�o em d�lares porque grande parte da clientela vem de fora do Brasil.
Em seus perfis no Twitter e no Facebook, j� n�o h� postagens em portugu�s. Mineira de Belo Horizonte, ela cursava Rela��es Internacionais na PUC, mas deixou a faculdade porque seus trabalhos come�aram a ficar conhecidos -e ela sem tempo de estudar.
No come�o, publicava as imagens colorizadas em f�runs de discuss�o de hist�ria. Depois, passou a divulgar com mais afinco em redes sociais, o que lhe rendeu at� uma imagem republicada no Twitter pela atriz Mia Farrow.
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Cena da coroa��o da Rainha Elizabeth 2�, em 1953, na Abadia de Westminster |
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Coronation Of Queen Elizabeth II. 2 June, 1953 in Westminster Abbey. |
Segundo Marina, a repercuss�o do trabalho come�ou a ganhar for�a em mar�o deste ano, quase um ano ap�s come�ar a colorir "seriamente".
Os primeiros passos, a partir de tutoriais encontrados na internet, logo foram trocados por t�cnicas pr�prias. "Os tutoriais s�o extremamente b�sicos e s� ajudam a come�ar. O resto foi desenvolvido com a pr�tica."
A pr�tica tamb�m fez com que Marina usasse apenas imagens de acervos livres de direitos autorais ou que foram cedidas pela pessoa que � legalmente dona da fotografia.
A condi��o � fundamental, uma vez que ela trabalha quase sempre em cima de registros hist�ricos. "A cor nos aproxima da realidade e nos faz sentir que aqueles eventos ocorreram de verdade", diz.
"�s vezes olho para uma fotografia em preto e branco e n�o consigo me conectar com aquele evento, por parecer algo distante e quase irreal. Com as cores, essa barreira, na minha opini�o, � quebrada."
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