Nelson Freire realiza dois recitais com repert�rios nost�lgicos em SP
A nostalgia parece ser a batuta que rege Nelson Freire, dono da alcunha de melhor pianista brasileiro da atualidade, hoje aos 71 anos. "Acho que faz parte da minha personalidade", endossa o pr�prio � Folha, em uma de suas raras entrevistas.
� movido por ela que o pianista interpreta, como atra��o da Temporada 2016 do Mozarteum Brasileiro em dois recitais na Sala S�o Paulo, nesta ter�a (30) e nesta quarta (31), obras que o acompanham em uma trajet�ria de mais de seis d�cadas.
"Quando voc� vai ficando mais velho voc� vai se apegando �s coisas do passado, aos velhos amigos, a mesma coisa acontece com o repert�rio, ele � como a sua fam�lia", diz o pianista mineiro.
Leo Pinheiro/Valor | ||
O pianista Nelson Freire em sua casa na Joatinga, regi�o oeste do Rio de Janeiro |
A "Piano Sonata N� 3 em F� Menor", op. 5 do compositor alem�o Johannes Brahms (1833-1897), por exemplo, visita seu repert�rio h� pelo menos 50 anos, desde que a apresentou em sua estreia na Academia de M�sica de Viena, em 1960, �quela �poca com 15 anos.
Outras, como "Children's Corner", de Claude Debussy (1862-1918), e tr�s dos corais de Johann Sebastian Bach (1685-1782) –"Eu Vos Envoco, Senhor, BWV 639", "Vem, Deus, Criador, BWV 667" e "Jesus, Alegria dos Homens, BWV 147"–, foram tocadas por Freire um ano antes, em um recital de despedida do jovem m�sico que embarcava para estudar na Europa.
Elas s�o revisitadas no recital de ter�a, juntamente a duas obras de Chopin (1810-1849), nome ao qual o brasileiro � comumente atrelado.
No dia seguinte, o pianista retorna ainda mais ao tempo e exibe "Tr�s Dan�as Fant�sticas", de Alexander Scriabin (1872-1915), que tocou em seu primeiro recital, aos oito anos, e "Sonata em L� Maior", KV 331 de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), cujos movimentos Freire j� esbo�ava aos 4 anos de idade. As obras escolhidas contornam o momento em que o pianista era noticiado como o "menino prod�gio".
Mesmo sendo conhecidas de longa data, o int�rprete n�o subestima a dificuldade dos programas: "As coisas n�o ficam mais f�ceis com o tempo", diz, evidenciando a dificuldade em executar repert�rios diferentes em dias consecutivos –um afago ao "fiel p�blico paulistano".
"� nesse sentido que a arte se diferencia do resto, a gente sempre pode progredir, n�o chega a um m�ximo, a� � que est� a beleza.".
LEMBRAN�AS
"Me contaram que quando eu era muito pequenininho, com cerca de 3 anos, eu anunciava as minhas necessidades fisiol�gicas cantando valsas, como a de 'A Ponte de Waterloo'", diverte-se, entoando os versos com a melodia.
N�o por acaso o talento de Freire foi reconhecido desde cedo. Apostando nele, sua fam�lia deixou a cidade de Boa Esperan�a, em Minas Gerais, para que ele pudesse se aprimorar no Rio de Janeiro.
Prol�fico na m�sica, mas econ�mico nas palavras, o pianista se desvencilha da entrevista, ap�s realizar a retrospectiva que originou os programas: "Se andar muito [ao passado], vou nascer de novo", brinca.
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NELSON FREIRE
QUANDO Ter. (30) e qua. (31), �s 21h
ONDE Sala S�o Paulo, pra�a J�lio Prestes, 16, Campos El�seos, S�o Paulo, tel. (11) 3367-9500
QUANTO R$ 80 a R$ 500
CLASSIFICA��O 7 anos
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