Retrospectiva revela exalta��o do povo brasileiro na obra de Claudia Andujar
"Quando cheguei ao Brasil, n�o sabia que ia ficar por aqui", diz Claudia Andujar. "N�o � que S�o Paulo fosse maravilhosa, grande e cosmopolita como � hoje. Fiquei pelo povo brasileiro,e a primeira coisa que eu fiz foi pegar uma m�quina fotogr�fica para me aproximar desse povo."
Da sala de seu apartamento no 20� andar de um pr�dio na avenida Paulista, a artista, que faz uma retrospectiva agora no Instituto Moreira Salles, no Rio, relembra sua hist�ria diante de uma vis�o panor�mica da cidade.
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Fotografias da s�rie 'S�nia', de Claudia Andujar, feitas com filme infravermelho |
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Fotografias da s�rie 'S�nia', de Claudia Andujar, feitas com filme infravermelho |
Mas foi numa escala mais �ntima, no corpo a corpo com os �ndios, os pescadores e fam�lias de classe m�dia nas grandes cidades brasileiras, que Andujar construiu um dos retratos mais contundentes do pa�s desde os anos 1950, quando veio encontrar a m�e fugida da Segunda Guerra na capital paulista.
Nascida na Su��a e criada numa parte da Rom�nia que agora pertence � Hungria, Andujar, 84, perdeu o pai para os campos de concentra��o, passou uns anos em Nova York, onde estudou e sobreviveu como vendedora da Macy's, at� acabar trocando seu quarto alugado no Bronx por uma quitinete na pra�a Roosevelt.
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Vistas de S�o Paulo em imagens da fot�grafa Claudia Andujar |
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Fotografia de Claudia Andujar, que estar� em mostra no Instituto Moreira Salles, no Rio |
Nesse primeiro embate com S�o Paulo, Andujar conheceu o antrop�logo Darcy Ribeiro, o primeiro a sugerir que ela fotografasse os �ndios do pa�s. Mesmo famosa por suas s�ries extensas sobre os ianom�mis e outras tribos, � uma fase "pr�-�ndios" de sua obra que est� agora na mostra carioca.
E esse � um momento que n�o deve nada ao que veio depois. Numa s�rie para a revista "Cl�udia", que acabou n�o sendo publicada, a artista fotografou quatro fam�lias brasileiras. Do interior da Bahia, onde retratou a casa de um fazendeiro abastado, veio uma das sequ�ncias mais fortes.
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Dois flagras da rotina de uma rica fam�lia baiana, na vis�o de Claudia Andujar |
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"Era uma fam�lia rica, com planta��es e uma casa grande e luxuosa", lembra. "Todo o trabalho bra�al era feito pelos negros ali. Isso revelou muito do Brasil para mim."
Outra revela��o foi a religiosidade e suas v�rias faces no pa�s. Depois de publicar seu primeiro ensaio, sobre os �ndios caraj�s, na "Life", b�blia do fotojornalismo americano, Andujar chamou a aten��o da extinta revista "Realidade", que a contratou para fotografar os rituais de cura do m�dium mineiro Z� Arig�.
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Vis�es da religiosidade de uma fam�lia mineira em imagens de Claudia Andujar |
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"Fiquei hipnotizada com aquilo", diz Andujar. "Ele pegava o paciente, encostava na parede e enfiava uma faca no olho para tirar uma catarata. Logo depois, o cara nem sentia dor. Era chocante mesmo."
No in�cio, Andujar tamb�m chocou editores de revistas como "O Cruzeiro", que n�o quiseram publicar suas imagens. "No Brasil, a ideia de mulher fot�grafa ainda era coisa desconhecida", diz a artista. "Voltei a NY para mostrar meu trabalho e s� l� tive aceita��o. Isso me abriu um mundo novo."
Tamb�m era l� que Andujar queria ficar. Mas, depois de conhecer o futuro marido, o fot�grafo George Love, ela retornou para S�o Paulo. Ele veio atr�s e foi trabalhar com ela na "Realidade".
Foi por influ�ncia dele, ali�s, que Andujar fez uma de suas s�ries mais destoantes do conjunto de sua obra -imagens criadas com filme infravermelho e dupla exposi��o de uma modelo que costumava fotografar para uma revista de moda. "Fazia amizade com as modelos", conta Andujar. "A S�nia era uma delas. Um dia ficamos sozinhas no est�dio e fizemos as fotos."
Mais tarde, Andujar usou essa mesma estrat�gia em seus retratos de paisagens, florestas e aldeias ind�genas."Na minha cabe�a, tudo isso est� ligado � pesquisa sobre o ser humano", diz Andujar. "�s vezes, precisamos de uma linguagem diferente."
CLAUDIA ANDUJAR
QUANDO abre no dia 25/7, �s 16h; de ter. a dom., 11h �s 20h; at� 15/11
ONDE Instituto Moreira Salles, r. Marqu�s de S�o Vicente, 476, Rio, tel. (21) 3284-7400
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