Filme 'Sniper Americano' revela trechos censurados de biografia
Em "Sniper Americano", Chris Kyle (Bradley Cooper) mira com seu fuzil um menino. Membro do Seal (tropa de elite da Marinha americana) em seu primeiro per�odo de servi�o militar no Iraque, ele foi encarregado de proteger a vida dos colegas, e o menino est� correndo em dire��o a um comboio de militares com uma enorme granada nas m�os.
Qualquer espectador relativamente intuitivo j� sabe como isso acaba.
Kyle atira no menino. Quando uma mulher pega a granada e tenta terminar o servi�o, ele tamb�m atira nela. Menino e mulher morrem.
A cena � crucial, mas n�o h� qualquer men��o de um garoto sendo morto no livro "Sniper Americano", a autobiografia que inspirou o filme.
Depois de Kyle ter encaminhado a obra para ser revista pelo Departamento de Defesa, esse trecho foi cortado, segundo o roteirista do filme, Jason Hall.
N�o � a �nica diferen�a entre a vers�o cinematogr�fica de "Sniper Americano", dirigida por Clint Eastwood, e o best-seller de 2012.
Muitas coisas da vida de Chris Kyle j� fazem parte dos mitos das For�as Armadas americanas: certa vez, ele acertou um tiro em um homem a uma incr�vel dist�ncia de 1.920 metros.
Mas o Chris Kyle que o espectador v� no filme � uma figura muito mais complexa que aquela que os leitores encontram no livro. Kyle come�ou a escrever sua autobiografia em 2010, um ano depois de concluir seu quarto per�odo de servi�o militar no Iraque.
No livro, ele alude aos inimigos como "selvagens" e descreve o "mal desprez�vel" que encontrou no Iraque.
"O que temos � um vislumbre desse homem em um momento particular no tempo", explicou Hall. "Ele tinha passado uma d�cada em guerra ou treinando para a guerra. Em alguns trechos, ele soa brutal, mas isso foi o que n�s criamos. � isso o que essas pessoas precisam ser."
Hall entregou o primeiro rascunho de seu roteiro no dia 1� de fevereiro de 2013.
No dia seguinte, Chris Kyle foi morto por um ex-marine que vinha tentando ajudar. Brad Cooper, que estava produzindo o filme e seria seu protagonista, s� tinha tido um encontro de cinco minutos com Kyle.
A vi�va de Kyle, Taya, deu aos respons�veis pelo filme acesso a v�deos caseiros, cartas e uma d�cada de e-mails. "Jason e eu passamos horas ao telefone", contou. "Ele me ligava a qualquer hora do dia ou da noite, em momentos em que eu s� precisava chorar, desabafar ou discutir alguma coisa."
Hall contou que, depois disso, o roteiro mudou. "A primeira vers�o, que eu tinha escrito sob a tutela de Chris, era um filme de guerra." Ent�o, o enfoque do filme se deslocou para o relacionamento entre Chris e Taya e as dificuldades que Chris enfrentou para se readaptar � vida de civil.
Mustafa, sniper iraquiano que � uma figura de destaque no filme, aparece apenas de passagem no livro. "Eu realmente peguei no p� de Chris sobre esse assunto. Ele disse que achava muito poss�vel que esse sujeito
tivesse matado seu amigo e que n�o queria eterniz�-lo no livro", disse Hall.
O filme tamb�m mostra o irm�o de Kyle, Jeff, um marine, se queixando sobre a guerra. "Jeff n�o teve esse momento na vida real", comentou Taya Kyle. Mas milh�es de outros veteranos de guerra, sim. "Jeff entende que
havia necessidade disso no filme", acrescentou. "Mas vai ser dif�cil para ele suportar isso."
Pol�ticos e analistas discutem o significado e as inten��es do filme, que j� recebeu indica��es ao Oscar por seu roteiro e ator principal, entre outras categorias.
"� muito f�cil dizer que o filme � isso ou aquilo", disse Cooper.
"Para mim, Chris foi uma figura totalmente humana. Em nenhum momento precisei passar do �cone ao humano. Eu estudei um homem e tentei encarn�-lo."
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