Forma��o alem� despertou em Wollner paix�o por 'coisas �teis'
N�o � um acaso que a maior mostra j� dedicada a Alexandre Wollner aconte�a na Alemanha. Foi o tempo que passou na Escola Superior da Forma, em Ulm, de 1954 a 1958, que moldou sua linguagem e refor�ou a trajet�ria geom�trica que come�ou a trilhar em S�o Paulo.
"Foi ali que entendi a fun��o do design, que ainda n�o era clara para mim", diz o paulistano. "Vi que, se fa�o o desenho de um computador da Apple, vou falar com 100 milh�es de pessoas. Se fizer um desenho de moda, falo com cinco ou seis. Preferi falar com milh�es de pessoas."
No caso, com gente afeita a uma linguagem menos ornamental e mais direta ao ponto, calcada na repeti��o de elementos geom�tricos e a depura��o total das formas.
Mas mesmo em Ulm, que se pretendia uma continua��o do pensamento racional da Bauhaus, esse n�o era um caminho aceito por todos.
"Ele ficou numa situa��o delicada na escola", diz Klaus Klemp, curador da mostra de Wollner no Museu de Arte Aplicada de Frankfurt. "Isso porque ele tinha sido convidado por Max Bill, que era pr�ximo dos neoconcretistas, mas se interessou mais pelo que os outros faziam ali."
"N�o me interessava o neoconcretismo. Isso era um esteticismo da Lygia Clark, do H�lio Oiticica", diz Wollner. "Vi que desenho n�o � s� ilustrativo. Queria fazer coisas de que a sociedade precisava, n�o coisas bonitinhas, mas coisas �teis, com fun��o."
Seu colega de classe, Almir Mavignier, lembra essa cis�o. "A escola era quase um mosteiro", diz o artista brasileiro. "Quando entrei l�, diziam que n�o era para rom�nticos. Eu tapava o buraco da fechadura para fazer pintura. Os artistas ali eram malvistos."
Nesse universo em que o racioc�nio cient�fico sufocava liberdades mais expressivas -Mavignier lembra que "n�o se faziam m�veis com o cora��o, mas com a cabe�a"-, Wollner criava marcas cada vez mais sint�ticas.
Eram desenhos que tentavam comunicar tudo que estava associado a uma empresa e suas ideias. Nada em sua obra � por acaso. Mesmo seus projetos mais simples, como o logotipo da Eucatex, criado em 1968, t�m um racioc�nio quase obsessivo por tr�s.
Quando criou o desenho, conta, pensou logo no formato de uma orelha e, ent�o, nas espirais dos estudos feitos no s�culo 4� a. C. pelo ge�metra Euclides. Tudo � matem�tico, mas resulta num desenho fluido, que ilustra a no��o de audi��o, como "uma pedra caindo num lago", compara.
� uma imagem que talvez se aplique ao pr�prio designer. Desde que come�ou, Wollner nunca abandonou seu racioc�nio, que reverbera como ondas na produ��o da identidade visual do pa�s.
O jornalista viajou a convite da galeria Dan
ALEXANDRE WOLLNER
QUANDO de seg. a sex., 10h �s 18h; s�b., 10h �s 13h; at� 18/1
ONDE Dan (r. Estados Unidos, 1.638, tel. 0/xx/11/3083-4600)
QUANTO gr�tis
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade