Filmes e fotos documentam revolu��o visual da Bauhaus
Numa casa moderna, uma mulher lava a lou�a, l� deitada no sof�, observa o jardim pela janela da varanda envidra�ada e recebe amigas para o ch� da tarde. Tudo � branco, ortogonal, retil�neo. E tudo � feito sem esfor�o.
Essa era a mulher de Walter Gropius, o fundador da Bauhaus, escalada por ele num filme de 1926 como garota propaganda das maravilhas da vida moderna. A casa era a que ele projetou como manifesto da nova era.
Em 1919, Gropius, que morreria 50 anos depois, fundou na Alemanha uma escola que ajudou a moldar os rumos da modernidade. L� estudaram o pintor Wassily Kandinsky, o fot�grafo L�szl� Moholy-Nagy e outros que ancoraram na abstra��o e na geometria a receita para uma vida mais pr�tica, reinventando a arte, a arquitetura e o design.
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'Copos 1', fotografia de Gertrud Arndt, na mostra 'Bauhaus.Foto.Filme' no Sesc Pinheiros |
Quando o regime nazista fechou a escola em 1933, decretando a morte prematura do projeto, muito se perdeu.
Uma mostra que come�a nesta quinta no Sesc Pinheiros resgata agora parte da hist�ria exibindo filmes e fotografias feitas na Bauhaus,
testemunhos esquecidos do que foi uma verdadeira revolu��o.
Mesmo que hoje pare�am desajeitadas algumas das inova��es da escola, como o "mecanismo para arrumar as panelas" que aparece no filme com a mulher de Gropius, est�o ali embri�es do que seria o design contempor�neo.
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'Michiko Yamawaki ao Tear', fotografia de Hajo Rose, na mostra 'Bauhaus.Foto.Filme' no Sesc Pinheiros |
Naquele filme mudo, textos entre as cenas explicam, por exemplo, que "o que torna a casa extraordin�ria � o uso consequente das inova��es na constru��o". Tamb�m listam vantagens dos m�veis da sala, "de tubos de a�o niquelados e estofados".
"Esses filmes foram parar em por�es, muitos sumiram, e agora come�amos a estudar e restaurar esse acervo", diz Christian Hiller, um dos curadores da mostra. "Com o fim da Bauhaus, todos migraram para outros pa�ses, mas essas ideias se difundiram."
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Fotografia de autor desconhecido da fachada da escola Bauhaus |
TEATRO DE M�QUINAS
Dessa di�spora surgiram outras vanguardas, como a arte cin�tica, que tem num filme de Moholy-Nagy, tamb�m na mostra, um de seus mais potentes pontos de partida.
Talvez pensando nos tubos de a�o do mobili�rio da Bauhaus, o artista h�ngaro criou uma m�quina de espelhos e engrenagens met�licas que retratou em preto e branco.
Seu filme "Um Jogo de Luz: Preto-Branco-Cinza", de 1930, � um desfile de silhuetas mec�nicas que se movem no espa�o quase como uma coreografia rob�tica --a exalta��o da m�quina como os renascentistas fizeram com o corpo humano dissecado.
"Ele queria fazer um teatro sem atores, em que as pessoas fossem assistir �s m�quinas", diz Hiller. "Era sua tentativa de ilustrar a vida nas cidades modernas, tudo sintetizado num jogo de luzes."
Werner Graeff, outro aluno da Bauhaus, buscou na geometria a mesma s�ntese, criando anima��es em que quadrados se movem na tela de acordo com ritmos distintos. Uma delas sugere uma queda ou mergulho em formas de �ngulo reto, uma defesa apaixonada do quadrado como a matriz moderna.
De certa forma, a Bauhaus criou uma utopia que n�o vingou. M�veis utilit�rios, destinados �s massas, viraram �cones do design moderno, disputados em leil�es.
"Essa utopia falhou em alguns aspectos e triunfou em outros", diz Hiller. "N�o gosto das constru��es em concreto, mas a receita para resolver os problemas modernos estava l� e ainda vale."
BAUHAUS.FOTO.FILME
QUANDO abre 16/5, �s 20h; de ter. a sex., 10h30 �s 21h30; s�b. e dom., 10h30 �s 18h30; at� 4/8
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
QUANTO gr�tis
Livraria da Folha
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