Artur Barrio se define como "patinho feio" da Bienal de Veneza
A presen�a de Artur Barrio, o representante brasileiro na 54� Bienal de Veneza, � bastante improv�vel, especialmente numa mostra de car�ter espetacular como a italiana.
Sua obra complexa e um tanto herm�tica, com frases incompletas e cabe�as de peixe envolvidas em sal, fez com que v�rios visitantes torcessem o nariz, na abertura para a imprensa, anteontem.
"Eu sou o patinho feio", disse Barrio � Folha, perto de um dos canais que transpassa os Giardini, local onde est� o pavilh�o do Brasil.
O artista diz isso por estar entre os 5% de latino-americanos da mostra central, com curadoria de Bice Curiger, centrada em artistas norte-americanos e europeus.
Mas "patinho feio" � tamb�m uma boa defini��o para o artista, avesso a lobbies ou concess�es.
Mesmo assim, ele j� participou at� da Documenta de Kassel, o Olimpo das artes pl�sticas, em 2002, onde chegou a criticar os pr�prios curadores do evento em sua sala, repleta de p� de caf� e paredes quebradas, escrevendo: "A curadoria � um mal desnecess�rio".
Outro fator que o torna �nico � que ele mesmo nunca sabe o que vai fazer at� chegar ao local.
"Quando cheguei aqui, o produtor perguntou o que ele devia comprar, e eu disse que n�o sabia. O cara ficou preocupado, ent�o eu falei para ele comprar uns barbantes", diz Barrio.
Cristina Motta/Divulga��o | ||
O artista pl�stico brasileiro Artur Barrio, que se diz o patinho feio da Bienal de Veneza, monta sua obra na mostra |
DI�LOGO E MON�LOGO
Agora, em Veneza, ele ocupa as duas salas do pavilh�o brasileiro, uma com trabalhos hist�ricos, com curadoria de Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, e outra com uma nova obra.
Nesta, criou dois espa�os: a sala do di�logo e a sala do mon�logo. "Vivemos uma era humana e desumana, na qual se pode comunicar de muitas formas, mas h� pouca comunica��o efetiva", diz.
Seu manifesto agora � "A sua pressa n�o � a minha pressa", que escreveu numa das paredes.
Na sala hist�rica, um tanto inadequada por seu car�ter hiperinstitucional frente a um artista t�o informal, est�o fotos das trouxas ensanguentandas espalhadas num parque em Belo Horizonte, em 1970, que o caracterizaram como artista militante.
"Minha ideia nunca foi s� pol�tica, nesse mesmo trabalho � poss�vel ver outras rela��es com a pr�pria hist�ria da arte", diz.
O atraso para a libera��o da verba para seu trabalho, disponibilizada apenas na quarta da semana passada pelo Minist�rio da Cultura, n�o comprometeu o trabalho, mas ele levou a tens�o que passou para o nome da obra, "Ex(tens�es)...".
� nessa sala, em que ele recebe hoje a ministra da Cultura da Espanha, por conta do pr�mio Vel�zquez, com o qual foi agraciado recentemente e pelo qual vai receber 120 mil euros. "Essa foi outra surpresa, jamais imaginei", diz, ainda vivendo seu momento de cisne branco.
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