"Watchmen" questiona o papel social dos super-her�is
Mais de duas d�cadas depois de "Watchmen" mudar o mundo dos quadrinhos de super-her�is, a hist�ria criada pelos brit�nicos Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (arte) estreia no cinema repetindo a pergunta feita na miniss�rie publicada nos Estados Unidos de 1985 a 1986: quem vigia aqueles que nos vigiam --no caso, os super-her�is?
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Dr. Manhattan � vivido pelo ator Billy Crudup no longa-metragem "Watchmen", dirigido por Zack Snyder, baseado nos quadrinhos |
A responsabilidade de transformar a ic�nica HQ no filme que estreia amanh� coube ao diretor Zack Snyder ("300"), que fez 43 anos no domingo.
N�o � dif�cil entender por que "Watchmen", a HQ, fez tanto sucesso. Al�m de ser muito bem escrita e ilustrada, trouxe uma vis�o original para o conceito de super-her�is, que surgiu em 1938 com a apari��o do Super-Homem e se estabeleceu como grande g�nero dos quadrinhos americanos.
Em "Watchmen", a velha hist�ria de bem versus mal foi deixada de lado: todos os personagens t�m lados bons e maus. Eram humanos --talvez at� demais.
Assim, os super-her�is criados por Moore & Gibbons t�m uniformes, identidades secretas e codinomes "heroicos" (Comediante, Espectral, Coruja), mas s�o apresentados em a��es pouco "super": brigando entre si, falhando durante o ato sexual ou mesmo realizando atos criminosos, como assassinar uma pessoa inocente a sangue-frio ou estuprar uma colega super-hero�na.
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Ator Patrick Wilson vive o segundo Nite Owl no filme "Watchmen", que estreia amanh� |
No mundo sombrio de "Watchmen", o governo norte-americano proibiu, em 1977, a atua��o de encapuzados autodenominados super-her�is, que foram for�ados a se aposentar. Apenas tr�s continuaram na ativa: o Comediante e o Dr. Manhattan, que trabalham para o governo, e Rorschach, que opera fora da lei e tem de fugir da pol�cia.
A trama come�a em 1985, quando o Comediante � assassinado. Rorschach decide investigar: pode ser uma vingan�a contra todos os super-her�is... ou pode ser algo maior.
"A cultura pop e a cultura de super-her�is j� est�o definitivamente interligadas, n�o h� nada que se possa fazer a respeito", diz o diretor, Zack Snyder. "Super-her�is j� s�o aceitos, s�o ic�nicos. Est� na hora, ent�o, de perguntarmos: 'Por qu�?'. Se voc�, por exemplo, � um f� do Batman, deve se questionar: 'Tudo bem sair � noite e espancar pessoas?'."
"Esse � um filme diferente dos outros de super-her�is em todos os sentidos", afirma Snyder. "A minha esperan�a � que ele fa�a com os f�s dos filmes do g�nero o que a HQ fez comigo: pensar a respeito do papel dos super-her�is."
"Fundamentalistas"
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Atriz Malin Akerman interpreta a segunda Silk Spectre no filme baseado em HQ |
Snyder �, assumidamente, um f� de HQs --e de "Watchmen". Para quem leu a miniss�rie, isso fica n�tido no filme. Da maquiagem ao figurino, passando pelo enquadramento das cenas, o diretor foi zeloso em manter seu longa-metragem pr�ximo do original.
H� diferen�as no roteiro, como di�logos cortados, a redu��o da presen�a de alguns personagens e uma significativa altera��o no final. Os envolvidos no filme sabem que, por se tratar da adapta��o de obra importante, a rea��o dos leitores ser� apaixonada, para o bem ou para o mal. "F�s fundamentalistas nunca ficar�o felizes", diz o ilustrador Dave Gibbons.
Gibbons agiu como consultor de Snyder, com quem conversou durante as filmagens. "N�o participei do longa. Eu fiz meu trabalho muitos e muitos anos atr�s!", disse o ilustrador, em entrevista de lan�amento do filme, duas semanas atr�s.
O trabalho de Moore e Gibbons, de fato, foi feito h� d�cadas --e ainda hoje repercute. Agora � a vez de Snyder e companhia levarem essa vis�o crua do fantasioso mundo dos super-her�is a um p�blico mais amplo, que provavelmente desconhece a obra original e o universo dos quadrinhos.
O jornalista PEDRO CIRNE, editor do UOL Not�cias, viajou a Los Angeles a convite da distribuidora Paramount.
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