Rashid reconstr�i a cria��o de "R.A.P." em clipe; veja aqui

Rashid, 24, uma das promessas do rap nacional, tem algo a dizer. E boa parte est� em "R.A.P.", uma das 20 faixas de seu terceiro disco, "Que Assim Seja", lan�ado em mar�o.

"� uma declara��o de amor ao rap", explica o MC paulistano, que discursa, na letra, sobre o que esse movimento tem feito na vida de muita gente --sucesso nos shows, � gritada de cabo a rabo por seus fi�is seguidores.

Rashid, por�m, quer levar a mensagem ainda mais adiante --"R.A.P." foi escolhida, ent�o, como a m�sica de seu pr�ximo clipe.

Sem um roteiro em mente, procurou pelo jovem diretor Bruno Cons, com quem reconstruiu, sem querer querendo, o processo de cria��o da m�sica. O resultado, um v�deo de pouco mais de tr�s minutos, foi apresentado na noite de quarta-feira (29), em encontro com seus f�s na twitcam. Veja abaixo:

Veja v�deo

As cenas em que Rashid empunha caneta e papel foram gravadas na casa do diretor, que tamb�m registrou imagens de dois shows de Rashid: um no Sesc Carmo, na capital paulista, e o outro em S�o Jos� dos Campos, interior de SP. O est�dio que aparece no clipe � do DJ Ca�que, produtor do disco "Que Assim Seja".

A edi��o fren�tica, cheia de cortes, segundo o MC, foi pensada para acompanhar o flow (levada da rima) e a batida, assinada pelo beatmaker Skeeter. Os scratches s�o do DJ Mr. Brown. "Eu queria mostrar para as pessoas que a m�sica nasce assim. Simples. Nasce da for�a de vontade. Voc� s� precisa pegar seu papel e sua caneta e fazer."

Rashid, que nos �ltimos tr�s anos lan�ou os discos "Hora de Acordar" (2010), "D�diva & D�vida" (2011) e "Que Assim Seja" (2012), ganhou duas indica��es ao VMB 2012 : revela��o e hit do ano, com "Quero Ver Segurar" (primeira faixa de "Que Assim Seja" a ganhar clipe).

O rap, por sinal, dominou a premia��o da MTV brasileira, com 25 indica��es. "Nem quando tinha uma categoria voltada para o rap tivemos tantas indica��es. E para coroar isso tudo tem um show dos Racionais para encerrar. Acho que isso mostra o qu�o estrondoso � o momento que a gente est� passando", avalia.

	Sergio Carvalho/Folhapress
	O rapper Rashid, uma das maiores promessas do rap nacional

R.A.P., QUEM?

Michel Dias Costa, o Rashid, respeita o ritmo de sua evolu��o. Como diz na letra de "R.A.P.", n�o est� "na de ensinar", est� "na de aprender".

"Acho que tenho que conquistar as pessoas ainda, alcan�ar mais gente. Estou nesse momento de provar. Minha m�sica � essa, eu fa�o isso, essa parada � muito s�ria pra mim e � isso o que eu quero para minha vida", explica.

Criado entre a casa do pai no Lauzane Paulista, bairro da zona norte paulistana, e a da m�e em Minas Gerais, o rapper arriscou as primeiras rimas aos 12 anos.

O momento da descoberta do rap foi compartilhado com os "moleques da rua", durante os felizes dias de f�rias que passava com o pai. Entre os "moleques" estava Projota, outra expoente da nova gera��o, com quem formou o primeiro grupo e treinou os primeiros versos improvisados.

As portas da cena se abriram para Rashid quando, aos 16 anos, come�ou a participar das batalhas de freestyle. Ele conquistou t�tulos na Batalha do Santa Cruz (promovida pela Afrika Kids Crew) e na Rinha dos MC's (organizada por Criolo e DJ Dan Dan), e chegou at� a Liga dos MCs, principal competi��o nacional do estilo, em 2007.

Foi em "Porque Eu Rimo", faixa do primeiro disco solo de Kamau, "Non Ducor Duco" (2010), que Rashid mostrou que n�o estava de brincadeira.

"Kamau sempre foi uma refer�ncia", conta. Antes de entrar para as batalhas, ele e os amigos frequentavam a Central Ac�stica, encontro com microfone aberto liderado por Kamau, na Galeria Olido, centro de S�o Paulo.

No mesmo ano, lan�ou sua primeira compila��o de rimas, "Hora de Acordar". Desde ent�o, n�o parou mais. Ficar parado, na verdade, nunca fez muito seu estilo.

"Quando eu era Moska ainda (meu nome art�stico antigamente era Moska), eu tinha tanta certeza de que isso tudo ia dar certo um dia, que eu ia virar uma parada grande, que eu resolvi mudar de nome", lembra. "Um dos motivos � porque existe o Paulinho Moska. Eu pensava, 'se um dia eu me tornar grande, ter o mesmo nome que o cara vai dar merda'", conta aos risos.

"E eu continuo com essa certeza de que tem muita coisa para acontecer, muita gente com quem eu quero trabalhar, muitos lugares que eu quero alcan�ar, que eu quero trabalhar, sabe? N�o sei te dizer, mas vou trabalhar para que se torne uma parada bem grande."

"E n�o s� o Rashid", pondera. "Eu tenho muito forte dentro de mim essa coisa do rap. Eu quero sempre estar somando no rap. Por maior que meu nome possa se tornar, eu quero que as pessoas associem Rashid a um cara do rap, que se inspira em Racionais, Fac��o Central, RZO. Eu quero carregar essa parada comigo para onde quer que eu v�."

	S�rgio Carvalho/Folhapress
	Rashid est� indicado em duas categorias no VMB 2012: revela��o e hit do ano

RAP E INTERNET

Racionais MCs, Fac��o Central, RZO, DMN, Realidade Cruel, Xis, Rappin' Hood. A forma��o musical de Rashid � basicamente nacional. "Era o que a gente ouvia no r�dio, nos CDs pirateados que a gente comprava", lembra.

"Eu tenho 24 anos agora e tive meu primeiro computador com 21. Tr�s anos atr�s", lamenta. "Ent�o eu demorei um pouco para ter contato com o rap gringo, a n�o ser 2Pac, Nas, A Tribe Called Quest", os cl�ssicos dos anos 2000 que tocavam na quermesse."

Depois dos 19, ele usava o computador do telecentro perto de casa, onde fazia curso de inform�tica, para pesquisar m�sica. "Eu gosto muito de Mos Def, Talib Kweli. Jurassic 5, por exemplo, eu conheci num show que eles fizeram aqui no Brasil [no festival Indie Hip Hop]. Achei muito louco e fui pesquisar depois."

O engra�ado, diz Rashid, � que o rap e internet se tornaram aliados rapidamente. "O rap se adaptou muito bem a essa parada de redes sociais. Porque ele sempre foi muito do boca a boca. E a internet � um boca a boca monstruoso." Para ele, a internet foi uma das respons�veis por levar o rap para outras classes sociais.

"Esse lance de saber usar tudo isso que chegou agora � muito importante para esse momento do rap. Muita gente tem nariz torto para n�s. O rap � uma coisa nova, n�, cara, tem nem 40 anos. Est� todo mundo vendo o respeito sendo conquistado, os espa�os sendo dominados", avalia.

"Todos os artistas que est�o chegando s�o independentes. A gente n�o tem apoio, a gente cria nossos pr�prios apoios, nossos pr�prios selos, nossas pr�prias gravadoras. Essa experi�ncia aqui vai ser crucial para a gente poder criar uma parada t�o grande quanto � o mercado norte-americano do rap. Esse momento aqui est� nos preparando para esse outro passo que est� muito pr�ximo."