Lilia Cabral interpreta solteirona no espet�culo "Maria do Carit�"

Em sua cidade, Maria do Carit� � conhecida como santa. Mas a ora��o � qual a beata mais se dedica �: "S�o Bartolomeu casar-me quer eu. S�o Ludovico, com um mo�o muito rico. S�o Nicolau, que ele n�o seja mau. (...) Santa Trindade, que me d� felicidade. E, principalmente, S�o Germano, que n�o passe deste ano."

"Maria do Carit�", que entra em cartaz em S�o Paulo ap�s uma temporada carioca de sucesso, foi escrita por Newton Moreno especialmente para Lilia Cabral.

Sob as batutas do diretor Jo�o Fonseca, a atriz enternece e arranca gargalhadas de sua plateia vivendo a solteirona que d� nome � pe�a.

A virgem beira os 50 anos. Segundo seus conterr�neos de Carit�, faz milagres e foi prometida pelo pai a S�o Djalminha, santo desconhecido.

	Claudia Ribeiro/Divulga��o
	Lilia Cabral em cena em "Maria do Carit�"

Todos em sua cidade beijam seus p�s, mas ela sonha mesmo com algu�m que beije seus l�bios e, como diz com uma cren�a inabal�vel no amor, desperte seu cora��o.

Cabral, 55, conta que se identificou com o papel. "Essa mulher tem perseveran�a, f� e determina��o para ir em busca do que deseja. � a trajet�ria da vida de muita gente, inclusive a minha", diz.

"As conquistas podem chegar r�pido ou demorar. � preciso ser muito persistente", ensina ela.

A atriz teve de esperar quase tr�s d�cadas e mais de 20 trabalhos na televis�o para ganhar pleno reconhecimento na carreira.

Somente com o papel da insens�vel Marta, de "P�ginas da Vida", novela de Manoel Carlos de 2006, � que foi destacada como uma das grandes atrizes brasileiras.

No cinema e no teatro, em sucessos como "Div�", que saiu dos palcos e transformou-se em �xito do cinema nacional em 2009, Lilia mostrou sobretudo seu talento dram�tico.

"Buscava uma com�dia na qual pudesse retomar o trabalho com parceiros antigos, com os quais comecei", diz.

Ela divide a cena com colegas do in�cio de sua trajet�ria art�stica, como Fernando Neves e Silvia Poggetti, com quem formou nos anos 1980 a Companhia Dram�tica Piedade, Terror e Anarquia.

SIMPLICIDADE

Cabral considera seu papel em "Maria do Carit�" um dos mais desafiantes: "� preciso muita maturidade para conquistar a simplicidade".

Pelo desempenho, venceu, entre outros pr�mios, o Contigo 2011 na categoria melhor atriz. Tamb�m foi indicada ao Shell de 2010 --a pe�a teve indica��es ainda para texto, cenografia, trilha sonora, figurino e dire��o, vencendo este �ltimo.

Newton Moreno, um dos principais dramaturgos da nova gera��o, premiado por trabalhos como "Agreste" e "As Centen�rias", conta que inspirou-se no fato da atriz ter grande empatia com o grande p�blico.

"Lilia dialoga com as pessoas de maneira forte e direta. N�o � � toa que virou refer�ncia de comunica��o popular. Tamb�m estava certo de que ela iria transitar na gangorra entre o sagrado e o profano exigida pela personagem de maneira muito fluida", afirma.

Segundo Moreno, a express�o "estar no Carit�" � muito comum no Nordeste. "Quer dizer 'ficar para titia'" explica.

Em "Maria do Carit�" e "Terra de Santo" (seu novo projeto com o grupo Os Fofos Encenam, previsto para estrear em outubro), o autor pernambucano segue a pesquisa de levar suas ra�zes aos palcos, investigando a religiosidade do povo brasileiro.

O autor considera "Maria do Carit�" uma met�fora da f� interesseira. "Todos em torno da protagonista abusam da sua grande imagem de santa para se beneficiarem."

MARIA DO CARIT�
QUANDO sex., �s 21h30; s�b., �s 21h; dom., �s 18h; de 10/8 a 16/12
ONDE Teatro Faap (rua Alagoas, 903; tel. 0/xx/11/3662-7233 )
QUANTO de R$ 30 a R$ 70
CLASSIFICA��O 12 anos