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ANÁLISE
O que falta em pós-venda sobra em má imagem
LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL
As concessionárias só se interessam em agradar ao consumidor quando vendem um
carro zero. Em busca do lucro
fácil, cobram caro demais por
serviços que sairiam mais baratos em oficinas independentes.
Essa é a imagem que se tem,
em geral, do serviço prestado
por revendas. É fato que grande
parte delas ainda engatinha em
pós-venda -considerada hoje
uma das mais importantes ferramentas de marketing.
Não é muito difícil chegar à
conclusão, na ponta do lápis,
de que conquistar um novo
cliente é muito mais caro do
que manter o já conquistado.
O assunto já virou "case" nas
aulas de marketing. Após retirar seu automóvel da revenda,
um consumidor não conseguiu
chegar ao posto mais próximo
por falta de combustível.
É uma forma de exemplificar
como um carro -o modelo e a
marca que a concessionária ostenta, por extensão- pode decepcionar à primeira viagem.
Treinamento
Explica em parte esse comportamento o mercado fechado até os anos 90. Havia muito
menos modelos e versões. Imperava a lógica do "você não
quer assim, há quem queira".
Essa mentalidade ainda refletiria a conduta dos concessionários -que nada mais são
que empresários, cada qual
com sua filosofia de negócio.
A Folha já ouviu, como justificativa para preços elevados,
por parte de revendas, o argumento de que elas pagam altos
impostos e encargos trabalhistas -insinuação de que, em
geral, as lojas independentes
nem sempre fariam o mesmo.
Além de peças e serviços, as
concessionárias de veículos
vendem algo imensurável: confiança. Cobram por isso, também apresentando como um
diferencial suposto treinamento altamente especializado.
Nem bem se passaram dez
anos de abertura, e as revendas
parecem ignorar a tendência de
o consumidor precisar recorrer
menos a elas -os carros novos
demoram cada vez mais para
fazer a primeira revisão.
Se ainda engatinham em
atendimento e pós-venda, será
que as concessionárias estão
pensando nesse novo fator?
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