São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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ANÁLISE

O que falta em pós-venda sobra em má imagem

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As concessionárias só se interessam em agradar ao consumidor quando vendem um carro zero. Em busca do lucro fácil, cobram caro demais por serviços que sairiam mais baratos em oficinas independentes.
Essa é a imagem que se tem, em geral, do serviço prestado por revendas. É fato que grande parte delas ainda engatinha em pós-venda -considerada hoje uma das mais importantes ferramentas de marketing.
Não é muito difícil chegar à conclusão, na ponta do lápis, de que conquistar um novo cliente é muito mais caro do que manter o já conquistado.
O assunto já virou "case" nas aulas de marketing. Após retirar seu automóvel da revenda, um consumidor não conseguiu chegar ao posto mais próximo por falta de combustível.
É uma forma de exemplificar como um carro -o modelo e a marca que a concessionária ostenta, por extensão- pode decepcionar à primeira viagem.

Treinamento
Explica em parte esse comportamento o mercado fechado até os anos 90. Havia muito menos modelos e versões. Imperava a lógica do "você não quer assim, há quem queira".
Essa mentalidade ainda refletiria a conduta dos concessionários -que nada mais são que empresários, cada qual com sua filosofia de negócio.
A Folha já ouviu, como justificativa para preços elevados, por parte de revendas, o argumento de que elas pagam altos impostos e encargos trabalhistas -insinuação de que, em geral, as lojas independentes nem sempre fariam o mesmo.
Além de peças e serviços, as concessionárias de veículos vendem algo imensurável: confiança. Cobram por isso, também apresentando como um diferencial suposto treinamento altamente especializado.
Nem bem se passaram dez anos de abertura, e as revendas parecem ignorar a tendência de o consumidor precisar recorrer menos a elas -os carros novos demoram cada vez mais para fazer a primeira revisão.
Se ainda engatinham em atendimento e pós-venda, será que as concessionárias estão pensando nesse novo fator?


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