São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

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OUTRO MUNDO

Lei isenta deficiente de tributos como IPI, mas burocracia atrasa a dispensa; adaptação veicular custa R$ 2.000

Após 4 meses, adaptado é 30% mais barato

LUCAS LITVAY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Gastar, em média, R$ 2.000 para adaptar um veículo é a solução de milhares de deficientes físicos para driblar as dificuldades de usar o transporte público. Estima-se que, atualmente, mais de 12 mil carros adaptados rodem no Brasil -um número ainda baixo, já que 24,5 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência no país.
As adaptações vêm crescendo rapidamente. "A inclusão social do portador de deficiência física e, por conseqüência, o aumento da renda fazem o mercado crescer cerca de 10% ao ano", diz Monica Cavenaghi, diretora comercial da Cavenaghi Adaptação Veicular.
Estímulos não faltam para trocar as calçadas esburacadas por um carro. A isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) faz com que o veículo saia pela metade do preço. Um Honda Civic LX, por exemplo, custa R$ 56.280 nas lojas e R$ 42.050 com os abatimentos.
E não é somente o motorista com deficiência que se beneficia da renúncia fiscal. Outra lei, do fim de 2003, concede ao condutor que transportar o deficiente o não-pagamento do IPI na compra de qualquer carro de passeio zero-quilômetro feito no Mercosul. Porém, segundo a legislação, somente três pessoas têm o direito de guiar o automóvel, cujo documento sairá no nome do deficiente. É obrigatório ficar com o veículo, no mínimo, três anos.

Adaptar
Uma vez com o carro na garagem, outra missão desafia o deficiente: adaptá-lo às suas necessidades. "A inversão de posição do acelerador e a automação da embreagem são os serviços mais freqüentes", afirma Cavenaghi.
Segundo ela, as pessoas com deficiência nos membros inferiores gastam mais, pois os equipamentos são mais caros -e essa "classe" é a maioria na Guidosimplex. "Portadores de deficiência nas pernas são cerca de 70% dos nossos clientes", afirma o gerente comercial Mauro de Oliveira.
Mas, antes de tudo, é preciso passar por uma auto-escola especializada. "O deficiente gasta cerca de R$ 300 a mais para obter a carteira", diz Daniele Almeida, gerente comercial da auto-escola Javarotti. Segundo ela, o preço mais alto é causado pela frota adaptada e por instrutores preparados para lidar com esse público. Almeida afirma que o rigor da legislação é o mesmo para todos.


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