São José dos Campos, Domingo, 21 de Novembro de 1999

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CRIME ORGANIZADO
Superintendência de São Paulo diz que o Vale está entre as duas áreas mais descobertas
PF aponta falta de cobertura no Vale

da Folha Vale

O Vale do Paraíba, apontado como uma das bases do crime organizado no Estado, é uma das duas regiões mais descobertas pela Polícia Federal no Estado -a outra é Sorocaba-, na avaliação da Superintendência de São Paulo.
Apesar de concentrar 11% das exportações, o que aumenta o fluxo de moeda estrangeira, a rodovia mais movimentada e estar entre as duas maiores cidades do país, o Vale é atendido pela Delegacia da Polícia Federal de São Sebastião, que não possui estrutura adequada.
Como exemplo, em 1993 foi descoberto em São José um suposto esquema de lavagem de dinheiro que ficou conhecido como "golpe do cochilo", em que havia a suspeita de relações com paraísos fiscais.
Os supostos golpistas conseguiam depositar grandes quantias de dinheiro em contas fantasmas e sacavam sem que fossem percebidos.
Na semana passada, a CPI do Narcotráfico pediu a quebra do sigilo bancário da empresa Danrie Turismo, de Guaratinguetá, suspeita de fazer a lavagem de dinheiro obtido por meios ilícitos.
A delegacia de São Sebastião, no litoral norte, conta com apenas quatro delegados, 14 agentes e três veículos para atuar na região que cobre 41 municípios, com cerca de 1,7 milhão de habitantes.
Segundo o delegado-chefe de São Sebastião, Nelson Fernandes, até o ano passado a situação era ainda pior.
A delegacia de São Sebastião contava com somente dois delegados e quatro agentes.
"À primeira vista, parece fácil combater o crime organizado, mas esse trabalho implica estrutura e técnicos especializados", disse o delegado.
Também foi feita no Vale do Paraíba, em Pindamonhangaba, a maior apreensão de maconha já realizada no Estado, com 6.874 quilos da droga, em uma operação dos agentes federais, que se deslocaram de São Paulo.
A delegacia de São Sebastião só foi avisada, mas não participou da operação.
A CPI do Narcotráfico diz que São José, juntamente com Campinas e Ribeirão Preto, é uma das regiões em que deve ser investigada a presença de quadrilhas organizadas no interior do Estado de São Paulo.
Por falta de estrutura, a PF apela à Polícia Civil para realizar procedimentos simples, como a entrega de intimações a pessoas envolvidas em inquéritos.
O delegado Gilberto Tadeu Vieira Cezar, relações-públicas da Superintendência da PF, afirmou que um estudo realizado no ano passado indicou a necessidade de instalar 20 delegacias no Estado.
Em São Sebastião, a prioridade da PF é o controle dos estrangeiros que chegam ao porto.
"Se as delegacias de São José e Sorocaba fossem implantadas, estaríamos satisfeitos", disse o delegado.
O ministro da Justiça, José Carlos Dias, estava anteontem em Maceió (AL) e, segundo sua assessoria, não poderia falar sobre a liberação de verbas para as delegacias.


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