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SOCIEDADE CIVIL
Entidades de moradores assumem tarefas como tratamento de esgoto e fiscalização das praias
Thales Stadler/Folha Imagem
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Voluntário da ONG atende crainças da Ilha da Vitória, parte do arquipélago de Ilhabela |
ONG substitui governo no litoral norte
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
da Folha Vale
A falta de ação de prefeituras e
do Estado, principalmente nas
questões de meio ambiente e saneamento básico, está levando organizações não-governamentais a
assumirem atribuições características do poder público.
Entre elas, estão a fiscalização
ambiental, a limpeza de praias, o
controle de animais, a demarcação de áreas protegidas, a pavimentação de ruas, a urbanização
de vias e o tratamento de esgoto.
As SABs (Sociedades Amigos de
Bairro) compõem a maioria das
ONGs -173 no litoral norte.
Em São Sebastião, que concentra 74 SABs, a Sociedade Amigos
da Barra do Sahy coletou R$ 80
mil para implantar um sistema de
tratamento de esgoto na Vila
Baiana, bairro pobre erguido por
migrantes entre as badaladas
praias do Sahy e da Baleia.
Moradores de Ubatuba ligados
à Uapag (União dos Amigos da
Praia Grande) criaram uma cooperativa de saneamento ambiental, que ligou 1.555 casas à rede coletora de esgoto.
A falta de saneamento é o maior
problema da região, que tem só
17% do seu esgoto tratado, segundo a Sabesp. A estatal paralisou
obras em 99 por falta de dinheiro.
Outros problemas que movem
as ONGs são a defesa do meio ambiente e o controle das consequências do turismo, agravadas
pela falta de funcionários das prefeituras para fiscalizar toda a extensão do município (veja quadro
nesta página).
Em Maresias, a Somar (Sociedade Amigos de Maresias) contratou dez pessoas para a limpeza
de praias. Voluntários vêm demarcando áreas ocupadas irregularmente na serra do Mar para
evitar a expansão das invasões.
Em Camburi, a Sacy (Sociedade
Amigos do Camburi) fretou um
caminhão para coletar o lixo.
Na Barra do Una, a Sabu (Sociedade Amigos da Barra do Una)
fundou o SOS Barra do Una para
proteger a Mata Atlântica.
"A fiscalização é ineficiente,
sem carro e sem pessoal. Sem a
Sabu, o desmatamento teria sido
20% maior", diz a presidente da
entidade, Ivonete de Oliveira.
Mesmo em Caraguá, onde a
prefeitura vive boa situação financeira, o que lhe permite realizar várias obras, há exemplos, como o da ONG Caraguatá, que assumiu a administração do parque
municipal Grande Parque Ecológico Turístico de Caraguá.
A mesma ONG presta assistência médica e social a comunidades
isoladas do litoral norte, como a
Ilha de Vitória, em Ilhabela, onde
médicos voluntários atendem
moradores gratuitamente.
"A fossa vai sair. Se dependesse
do governo, não saía não", disse o
pedreiro Leonilton dos Santos,
morador da Vila Bom Jesus (Maresias), onde a Somar quer construir uma fossa comunitária.
Outras atividades envolvem a
fiscalização do comércio e da poluição sonora, a contratação de
segurança, a colocação de iluminação pública, a pavimentação e a
arborização de ruas.
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