DA FOLHA VALE

O estudante D.S.V., 16, já teve três amigos mortos. Ele mesmo já foi ameaçado de morte e só deixou de conviver com o medo porque o autor das ameaças acabou morrendo primeiro.
"O cara disse que não gostava de mim e ia me matar. Aqui, se morre por bobagens", afirmou.
D.S.V. disse que seus amigos foram mortos devido ao envolvimento com o tráfico de drogas e à guerra entre quadrilhas rivais.
Segundo ele, na área onde mora, na região sul de São José dos Campos, violência, tráfico e impunidade são comuns.
Ele disse que, há poucos meses, uma garota de 17 anos que morava no bairro foi morta porque trocou de namorado.
"As meninas que namoram caras do tráfico não podem ficar com um ou outro", afirmou.
F.P.S., 18, perdeu um amigo há cinco meses. Ele foi morto a facadas. "Com a gente, ele era legal, mas com os inimigos, era outra coisa", disse.
F.P.S. afirmou que o que determina a vida na zona sul é a "lei do silêncio". Segundo ele, é uma questão de sobrevivência não falar nada sobre o que acontece.
"Aqui, bandido fica solto", disse. Ele afirmou que conseguiu sair da rotina de violência da região e está empregado como office-boy na Embraer.
A.C.S., 19, teve de se afastar do emprego de atendente depois de sofrer um acidente de moto e ficar com o braço esquerdo paralisado.
Segundo ele, além da violência dos grupos rivais, o poder público, quando chega aos bairros mais pobres, também é violento.
A.C.S. afirmou ter sido ameaçado por um guarda municipal com uma arma porque não conseguiu levantar os braços.
A Folha procurou a Guarda Municipal ontem mas não conseguiu ninguém para comentar o assunto.


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