São José dos Campos, Segunda-feira, 08 de Janeiro de 2001

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VIOLÊNCIA
Balanço mostra que mortes de jovens em São José correspondem a 24% dos assassinatos em dez meses de 2000
Homicídios de adolescentes crescem 21%

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
O estudante D.S.V., 16, numa rua da zona sul; ele teve três amigos mortos, já foi ameaçado de morte e quer ser cantor de rap


KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

O número de adolescentes assassinados no ano passado em São José dos Campos cresceu 21,5% em relação a 99, segundo levantamento preliminar realizado pela Secretaria da Saúde.
O estudo compreende os meses de janeiro a outubro dos dois últimos anos.
O balanço é feito com base nos casos de homicídios registrados pela Urbam (Urbanizadora Municipal), que considera os jovens mortos que possuem idades entre 10 e 19 anos.
A Urbam registra os adolescentes mortos que nasceram e moravam no município e também aqueles que residiam em São José, mas que eram naturais de outras cidades.
Em 99, em dez meses, foram 51 homicídios nessa faixa etária, segundo a Urbam. No ano passado, no mesmo período, o número saltou para 62 mortes.
O percentual de adolescentes mortos em 2000 corresponde a 24% dos homicídios registrados na cidade. No ano anterior, o percentual havia sido de 21%.
O crescimento do total de casos envolvendo adolescentes começou a ser notado a partir de abril de 99, quando foram registrados cinco casos. Em abril de 2000, ocorreram oito assassinatos.
Em julho do ano passado, foi registrada a maior quantidade de homicídios de adolescentes no ano, com nove mortes.
As entidades que trabalham com jovens infratores apontam o envolvimento dos adolescentes com roubos e furtos e, principalmente, o contato com o tráfico de drogas como as causas do aumento do número de crimes.
A ausência do Estado, da sociedade e, em uma escala menor, da própria família, estão entre as explicações apresentadas para o aumento da criminalidade envolvendo adolescentes.
O comandante do 46� Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Lamarque Monteiro, responsável pela região sul de São José, disse que os adolescentes estão se armando cada vez mais cedo.
"Diariamente vemos casos de assassinatos causados por grupos rivais. Com uma arma, qualquer discussão acaba em morte", disse Monteiro.
Para a conselheira do CMDCA (Conselho Municipal de Defesa da Criança e Adolescente), irmã Célia Aparecida de Souza, faltam políticas públicas regionalizadas.
A zona sul é apontada por ela como uma das regiões onde mais ocorrem casos de violência com participação de adolescentes e onde há menos políticas sociais voltadas a essa faixa etária.
A solução seria a criação de unidades sociais por regiões da cidade, que combateriam os problemas específicos, por área.
Segundo irmã Célia, as ações desenvolvidas pela prefeitura envolvem apenas alguns projetos e não abrangem todas as necessidades e carências dos adolescentes do município.
"Faltam ações continuadas. São necessários projetos mais amplos", disse.


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