São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


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AMAZÔNIA
Lançado no último sábado, livro sobre o peixe explica os hábitos do animal e dá dicas de pescaria
Tucunaré faz da pesca uma paixão

da enviada especial

"O tucunaré é o peixe mais divertido que existe. Ele é alegre, faz barulho na água, arrebenta a sua linha, enfim, faz você se apaixonar pela pescaria." A opinião é do engenheiro Dieter Kelber, que lançou anteontem o livro "Tucunaré, Uma Paixão Internacional" (editora Arte & Ciência, R$ 15).
Com a ajuda de biólogos, o autor descreve peculiaridades e hábitos desse peixe, um dos mais populares entre os pescadores que vão à Amazônia.
Ele conta, por exemplo, que muitos dos ovos de tucunaré são depredados por peixes pequenos, como lambaris, antes de eclodir. Segundo Kelber, o casal permanece unido enquanto toma conta dos filhotes, que se tornam independentes com cerca de um mês de vida. "Por isso, se o pescador pegar um tucunaré na época da reprodução, é bom devolvê-lo à água o mais próximo possível do local de onde tirou, para que ele reencontre o ninho."
Embora mais afastada do eixo Rio-São Paulo e com menos infra-estrutura que o Pantanal, a Amazônia é uma das regiões preferidas pelos pescadores de tucunaré, porque possui os maiores exemplares da espécie.
Veio de lá, mais especificamente do município de Barcelos, no Alto Rio Negro, o maior tucunaré já pescado, segundo Edson Filho, proprietário da Casa Caça e Pesca de Pinheiros. "O peixe tinha 12,24 kg e foi pescado por um norte-americano em 1994."
Já os mais saborosos, na opinião de Kelber, estão nas represas artificiais da região Sudeste, dos rios Tietê, Paranaíba e Paraná. "Nesses locais, os tucunarés reinam absolutos. Como foram introduzidos artificialmente, não sofrem com a ação de predadores e, consequentemente, não são estressados."
Para ele, tucunaré é bom de qualquer jeito, em caldeirada, como carpaccio ou frito, com chope.
Quem sai à pesca do tucunaré pode ganhar de brinde peixes de outras espécies, que acabam se prendendo na isca "sem querer". Segundo Edson Filho, alguns desses peixes podem ser a piranha -cujo caldo é popularmente considerado afrodisíaco- ou o aruanã -"um tipo de minipirarucu que vive na superfície, mas é comprido em vez de redondo".
Até quem não tem experiência com pesca pode se aventurar a pegar um tucunaré. É mais fácil encontrá-lo ao nascer do sol, quando ele está em busca de alimentos. No barco a motor, o pescador desfruta a paisagem das árvores refletidas nos rios, mas mantém o carretel preso à mão e fica esperto para um eventual tranco do peixe, que tenta se desvencilhar do anzol. Tranco que às vezes pode ser um decepcionante pedaço de tronco enraizado no leito do rio. Nesse caso, o negócio é jogar a linha no rio e começar tudo de novo.
(MARISTELA DO VALLE)


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