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São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999
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Descubra a Amazônia
MARISTELA DO VALLE enviada especial ao Amazonas "Nossas estradas são os rios da Amazônia", dizem os amazonenses. E não se trata de metáfora, pois os rios Negro e Solimões recebem um expressivo tráfego de ônibus e táxis, em forma de barco, que são abastecidos pelos postos de gasolina flutuantes instalados às suas margens. Para ir de Manaus a Belém, por exemplo, o passageiro pode amarrar sua rede num canto qualquer do barco e ali pernoitar durante o trajeto de quatro dias. Os barcos também são eficientes meios de transporte para o turista se aventurar pelas reentrâncias da Amazônia, visitar aldeias indígenas perdidas nas margens dos rios, focando jacarés e pescando peixes saborosos, como o tucunaré e a piranha. E desfrutar esses prazeres tão estranhos ao mundo urbano será, a partir de janeiro do ano 2000, um pouquinho mais acessível. No ano que vem, os preços de alguns pacotes para Manaus ficarão mais baixos, devido a um acordo realizado entre governo e empresas de turismo (hotéis, companhias aéreas e operadoras de turismo). É uma oportunidade para que os longínquos moradores das grandes cidades brasileiras visitem essa floresta intrincada que já foi considerada o pulmão do mundo -antes de descobrirem que suas plantas absorvem à noite todo o oxigênio que produzem de dia- e hoje é comprovadamente um ecossistema fundamental para a manutenção do equilíbrio dinâmico (homeostase) da Terra. Entre outras características, a grande floresta tropical é considerada o maior ar-condicionado do planeta, capaz de resfriar e umidificar o clima de uma parcela significativa do globo. Mas, apesar de todo o alarde que se faz na mídia, nem todos têm consciência da importância ecológica desse ecossistema, e há aqueles que enxergam nele apenas um mar de cifrões (bilhões de dólares), que podem ser obtidos a partir da incalculável riqueza biológica que ali repousa. A floresta tem ainda a maior biomassa (vegetal utilizado como fonte de energia) contínua da Terra. Essa luta voraz entre o poder econômico e a força da natureza, em que ambos disputam cada centímetro da floresta, pode ter consequências imprevisíveis. Diante dessa ameaça, vale a pena conhecer logo esse território que hoje é mais valorizado e visitado pelos estrangeiros que pelos próprios brasileiros. E isso precisa ser feito antes que o homem destrua o organismo vivo e complexo que a natureza demorou milhões de anos para formar e transforme sua densa vegetação num deserto de solo estéril, sem vida. Próximo Texto: Amazônia: Ilhas são "lavadas" todos os anos Índice |
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