São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ILHA DO TESOURO

Americano já investiu cerca de US$ 2 milhões para encontrar preciosidade asteca descrita em mapa

Milionário esburaca ilha para achar ouro

DA ENVIADA ESPECIAL AO CHILE

Uma rosa de ouro de 50 cm cravejada de esmeraldas e diamantes, 97 toneladas de ouro e barris de pedras preciosas. Esse tesouro, que estaria na baía de Puerto Inglés, é mais uma atração da ilha.
Bernard Kaiser, 52, empresário americano, estudou as idas e vindas do ouro e conta que o tesouro é asteca, foi roubado pelos espanhóis e enterrado ali em 1714, por Juan Esteban Ubilla y Echeverria.
Em 1756, Lord Anson patrocinou uma expedição inglesa comandada por Cornellius Wepp para recuperá-lo. Wepp pegou o ouro e estava voltando para casa, mas, ainda longe da costa chilena, o mastro quebrou. Wepp reenterrou o ouro na ilha e foi à costa para consertar o barco. Os marinheiros se amotinaram e comandante afundou o navio e fugiu.
Em Valparaíso, o capitão escreveu para Anson sobre o mapa guardado num cofre na costa chilena. Meses depois, Wepp morreu. E o tesouro ficou na ilha. A Comissão de Monumentos do Chile confirma essa versão.

Séculos depois
Em 1950, um inglês contou a história do tesouro ao chileno Luís Cusiño, que encasquetou e foi cavar a costa do Chile até encontrar o mapa, segundo seu sobrinho-neto, Marcos Beeche, 54.
Cusiño achou o cofre com o mapa e uma descrição do tesouro. E morreu, deixando as cartas com Beeche, que mostrou o mapa à reportagem em troca de um maço de Marlboro, valiosa relíquia ali. No desenho do pirata há até o "x" preto no ponto em que o ouro estaria enterrado.
Há quatro anos, o norte-americano Bernard Kaiser, dono de indústrias têxteis fornecedoras da Nasa, viu na TV um documentário sobre o tesouro em que Maria Eugênia Beeche, nora de Cusiño e tia de Marcos, mostrava as cartas.
Kaiser ficou tão encasquetado quanto Cusiño, foi para lá e fez um acordo com Maria Eugênia, que lhe cedeu cópias dos documentos. Rumou então para Santiago em busca da autorização do governo para cavar na ilha. O acordo com o governo prevê que Kaiser cave durante seis meses por ano. Quando não cava, deve tapar os buracos. Por isso os montes de terra tirados dali são ensacados. Nos seis meses de pausa, os sacos são colocados nos buracos. Depois, são retirados e o trabalho recomeça de onde parou.
Se o tesouro for encontrado, 75% fica com o governo chileno. Da sobra, metade fica com Kaiser e metade com Maria Eugênia.
Kaiser, sujo de terra, conversa dentro da caverna em que Alexander Selkirk supostamente morou e aponta escritos que evidenciariam a proximidade do ouro. Um sinal é o desenho de um microfone, que, para Kaiser, é uma rosa, símbolo do tesouro.
Depois de mapear a região com satélites e investir cerca de US$ 2 milhões, Kaiser diz que os barris devem estar a mais ou menos 6 m de profundidade, 200 m da caverna de Selkirk e 70 m da praia. Resultado: ele está cavando um buraco de aproximadamente 100 m2.
Ele adora falar do ouro, avaliado em US$ 10 bilhões. Sobre o fato de o acharem louco, aumenta a voz e enche o peito: "Colombo era louco e descobriu a América, virou gênio. Einstein era louco e descobriu a relatividade, virou gênio."
(HELOISA HELENA LUPINACCI)



Texto Anterior: Pacotes
Próximo Texto: Contos do local ainda têm presos e naufrágios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.