Ribeirão Preto, Sexta, 27 de agosto de 1999

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VIOLÊNCIA
Quatro investigadores e um delegado são acusados de extorquir R$ 30 mil; três estão presos em Ribeirão
Corregedoria apura quadrilha de policiais e Justiça manda prender 4

ALESSANDRO BRAGHETO
ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão

A Corregedoria de Polícia Civil está investigando a participação de quatro policiais civis e de um delegado em crimes de concussão (extorsão feita por funcionário público), formação de quadrilha e resistência à prisão.
Os quatro policiais já tiveram a prisão temporária decretada ontem, sendo que três deles já estão presos na Cadeia Pública de Vila Branca, em Ribeirão Preto.
Três delegados da corregedoria estiveram anteontem em Jardinópolis para prender em flagrante três investigadores do 2� DP (Distrito Policial) de Ribeirão Preto e um da delegacia da própria cidade.
Segundo denúncias, eles estariam extorquindo há mais de um mês o comerciante Silvio Luiz da Silva, de Jardinópolis, e exigindo o pagamento de R$ 30 mil para que ele não fosse preso.
Silva, que está sendo investigado por estelionato, fez a denúncia ao Ministério Público de Ribeirão Preto e disse que já havia pago R$ 5.000 aos acusados, além de ter dado quatro aparelhos de telefonia celular ao grupo.
O flagrante armado anteontem em Jardinópolis na casa do comerciante não deu certo, mas os investigadores José Lauro Malvestio, 40, Marcos Leandro Vendrúsculo, 27 (ambos do 2� DP) e José Carlos Moraes, 41 (da delegacia de Jardinópolis) acabaram sendo presos em seguida.
Já o investigador Homério Trittoli, que havia sido demitido do 2� DP no início da semana, ainda está foragido e deverá se apresentar amanhã. Ele é acusado também de participar de um esquema de desmanche de veículos localizado em Altinópolis.
O delegado Carlos Henrique Araújo Garcia também está sendo investigado como suposto participante da concussão. Ele foi procurado, mas não foi localizado para comentar o assunto.
Segundo o delegado-seccional Alexandre Jorge Daur, foi aberto ontem um procedimento administrativo que será acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil, além de um inquérito.
"Poderemos pedir a prorrogação do prazo da prisão temporária, que termina no domingo, por mais cinco dias", disse.

DP vazio
Ontem, o 2� DP, localizado no bairro de Campos Elíseos, funcionou com apenas cinco investigadores em vez de oito. "Os três investigadores estavam em serviço havia cerca de dois meses", disse Eurípedes da Silva Stuque, delegado-titular do distrito.
Os advogados dos policiais já definiram a linha de defesa. Vão dizer que os investigadores caíram em uma cilada preparada pelo comerciante de Jardinópolis.
"Meses atrás, eles prenderam o comerciante, mas o caso já terminou e não há mais vínculo nenhum entre os policiais e o autor das denúncias", afirmou o advogado Gilberto França, 64, que vai defender Tritolli, Malvestio e Vendrúsculo.
O quarto investigador envolvido, apontado como quem pegou o malote e trocou tiros com a polícia durante a fuga, será defendido por outra advogada, que não foi localizada ontem pela Folha.
"Estou conversando com a outra advogada do caso porque a linha de defesa será a mesma."
De acordo com o advogado, se o último policial foragido se apresentar hoje, será preso.
Trittoli, que foi demitido da polícia, vai recorrer da exoneração porque, segundo França, foi absolvido no crime no qual era acusado.



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