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HISTÓRIAS
Moleque de Campinas?
LUÍS EBLAK
Editor-assistente da Folha Ribeirão
No final dos anos 70 e início
dos 80, imperava no cotidiano
do futebol paulista a figura do
"moleque travesso".
O apelido originalmente era
atribuído ao simpático Juventus, mas seu espírito encarnava
em outros times, principalmente do interior de São Paulo.
Era a figura do menino levado
que se atrevia a enfrentar os
"grandes", no caso, as tradicionais equipes de São Paulo: Palmeiras, Corinthians, São Paulo
e Santos.
Os "travessos" entravam em
campo sem ligar para o peso
das camisas quatrocentonas.
Chutavam a bola para frente,
faziam 1 a 0 e terminavam as
partidas trancados na defesa, a
sete chaves, para segurar o placar que mancharia a honra das
fanáticas torcidas rivais.
Um nome que mais se encaixa nesse fenômeno era o ponta
Ataliba, que apareceu na rua
Javari nos idos de 1979. Gago,
ele cansou de fazer gols nas vitórias de seu humilde time contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras. Depois, todos tinham
de ouvir no rádio um menino
com dificuldades na pronúncia
das palavras falar sobre a grande conquista.
Para acabar com a praga do
"moleque travesso", o time de
Parque São Jorge contratou-o e
Ataliba acabou fazendo parte
da orquestra corintiana, comandada por Sócrates, Zenon
e Biro Biro.
Pois bem. Ponte Preta e Guarani me parecem encarnar o
"moleque travesso" da Mooca.
Fizeram boas campanhas, chegaram até às oitavas, mas agora
tremem. A Ponte, aliás, com
sua ótima defesa, lembra a "retranca" do interior dos anos 80.
O Guarani anda meio tímido
(0 a 0 em casa!?), o que não mereceria um título de travesso.
Mas não quero ver o espírito do
"moleque travesso" em Campinas. Pelo contrário, espero
ver a Macaca e o Bugre como
grandes, fazendo todo o Brasil
lembrar da cidade pelo futebol,
não pelo crime organizado.
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