Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Novembro de 1999

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Seis casos relacionam Ribeirão ao crime organizado; CPI chega à cidade nesta semana

Evelson de Freitas
Gilmar Leite Siqueira chega ao Fórum de Campinas para depor


LUCIANA CAVALINI
ALESSANDRO BRAGHETO

VÂNIA CARVALHO da Folha Ribeirão
Pelo menos seis casos investigados pela polícia relacionam a região de Ribeirão Preto com o crime organizado, incluindo roubo de cargas, tráfico de drogas, estelionato e lavagem de dinheiro.
Os casos também serão apurados pela CPI do Narcotráfico, que nesta semana deve iniciar investigações em Ribeirão. A Comissão Parlamentar de Inquérito esteve em Campinas na semana passada para ouvir acusados de integrar o crime organizado. A "sede" da quadrilha seria na cidade e o empresário William Sozza -foragido desde outubro- é acusado de comandar o grupo.
Os parlamentares vão investigar uma possível conexão entre o esquema de Campinas e empresários de Ribeirão, além de apurar a participação de policiais no grupo.
Paralelamente à CPI, no entanto, a polícia já investiga casos que comprovem a existência do crime organizado na região de Ribeirão.
A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão já confirmou a relação entre o crime organizado de Campinas e o roubo de cargas na região.
As contas de um celular, aprendido em setembro de 98 com uma quadrilha que havia roubado uma carga de cigarros na rodovia Anhanguera, eram enviadas para uma boate que a CPI concluiu ser de Sozza.
Anteontem, o investigador de polícia José Francisco Chevel Labaki foi preso no Fórum de Campinas, onde a comissão ouvia depoimentos, acusado participar da quadrilha.
Entre os veículos que seriam usados para transportar a carga roubada, estava um caminhão de propriedade de Labaki, que deve ser ouvido pela CPI.
Em outro caso, o motorista de caminhão Gilmar Leite Siqueira, de Campinas, foi preso em Araraquara por roubo de cargas há três anos e acabou sendo uma das primeiras pessoas a denunciar o esquema de Sozza.
Siqueira, logo após ser preso, prestou depoimento à polícia denunciando a participação de policiais no esquema de roubo de cargas.
Após o primeiro depoimento, sua mulher e sua filha foram assassinadas.
Há cerca de 20 dias, Siqueira foi transferido de Araraquara para uma prisão de São Paulo. No dia 8, ele prestou depoimento à PF e afirmou que o empresário Sozza faria parte do crime organizado.

Golpe
Outro exemplo é a quadrilha comandada pelo ex-policial Nélson Luís da Costa, acusado de roubo de carga, estelionato e tráfico de drogas.
Ele comandou o grupo de traficantes que, em junho passado, enganou policiais do Denarc (Departamento Estadual de Narcóticos) e roubou US$ 145 mil em notas falsas.
O dinheiro seria usado para armar um flagrante contra os traficantes. Os policiais se fizeram passar por compradores de droga e, no ato da negociação, prenderiam os acusados. Só que os membros da quadrilha se apresentaram como investigadores e roubaram os dólares.
Os outros casos são os de um a empresário e de uma advogada de Araraquara e o de um motorista de Aramina.


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