Ribeirão Preto, Domingo, 20 de Maio de 2001

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DIA DE DECISÃO 4
Moradores que vivem ao lado do estádio Santa Cruz, em Ribeirão, admitem torcer para o time rival
Vizinhança não garante fidelidade

DA FOLHA RIBEIRÃO

Nem toda a vizinhança do estádio Santa Cruz torcerá pelo time de Ribeirão. Vizinhos ao estádio, moradores dizem que irão torcer pelo Corinthians ou nem sequer vão dar atenção ao primeiro jogo da final.
Os vizinhos mais antigos dizem que não há preocupação e que, em alguns casos, os jogos representam "dia de festa".
Um dos exemplos típicos é Thereza Gallo, irmã do jogador Alexandre Tadeu Gallo, que atualmente é volante do Corinthians. A irmã do jogador diz que está dividida e que ficará feliz se o Botafogo ganhar, mas torcerá pelo time do Parque São Jorge.
Ela afirma que mesmo com o irmão, que iniciou a carreira no Botafogo, estando na reserva do time adversário existe a esperança que ele faça algum gol. Além disso, Thereza diz que não se considera uma "vira-casaca".
"Eu estou torcendo para os dois, mas time é time. A gente não pode deixar de torcer para o irmão", afirma Thereza.
Ela afirma também que nunca houve qualquer incidente próximo à sua casa e que gosta da "bagunça" das comemorações e dos fogos durante os jogos. "Toda a família fará a concentração em casa para ir ao estádio. Além disso, a festa deve continuar aqui após a partida", diz.
Mesmo tendo nascido "colado" ao estádio, o estudante de direito João Paulo Siqueira Vergari, 24, afirma que sempre foi corintiano e que vai ao estádio torcer pelo seu time do "coração".
Ele afirma que a decisão o deixou dividido, mas não vai deixar de ficar do lado do Corinthians.
"Estou dividido. Ninguém esperava que o time chegasse à final. Mesmo assim, torcer é coisa do coração. Não sei se acharia ruim o Botafogo perder."
Tendo o estádio Santa Cruz como vizinho há oito anos, Maria Helena Cury diz que gosta muito da agitação da torcida, mas muito pouco do jogo.
"Eu não ligo e às vezes até saio, mas meus netos e meu genro são corintianos e botafoguenses e adoram a bagunça."
Mesmo assim, ela diz que é impossível ficar fora do clima e que tem uma convivência muito boa com os ambulantes e torcedores nos dias de jogo.
"Eles pedem para usar minha torneira, me dão bandeiras e acabo pendurando."
De acordo com ela, é possível se divertir mesmo sem gostar do esporte. O barulho, os fogos e a alegria em volta do estádio não são motivo para preocupações, já que ela afirma que nunca teve problemas com depredações. "Quem está na chuva, ou seja, mora perto do estádio, é para se molhar. É muito melhor curtir."


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