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DIA DE DECISÃO 4
Moradores que vivem ao lado do estádio Santa Cruz, em Ribeirão, admitem torcer para o time rival
Vizinhança não garante fidelidade
DA FOLHA RIBEIRÃO
Nem toda a vizinhança do estádio Santa Cruz torcerá pelo time
de Ribeirão. Vizinhos ao estádio,
moradores dizem que irão torcer
pelo Corinthians ou nem sequer
vão dar atenção ao primeiro jogo
da final.
Os vizinhos mais antigos dizem
que não há preocupação e que,
em alguns casos, os jogos representam "dia de festa".
Um dos exemplos típicos é Thereza Gallo, irmã do jogador Alexandre Tadeu Gallo, que atualmente é volante do Corinthians. A
irmã do jogador diz que está dividida e que ficará feliz se o Botafogo ganhar, mas torcerá pelo time
do Parque São Jorge.
Ela afirma que mesmo com o irmão, que iniciou a carreira no Botafogo, estando na reserva do time adversário existe a esperança
que ele faça algum gol. Além disso, Thereza diz que não se considera uma "vira-casaca".
"Eu estou torcendo para os dois,
mas time é time. A gente não pode
deixar de torcer para o irmão",
afirma Thereza.
Ela afirma também que nunca
houve qualquer incidente próximo à sua casa e que gosta da "bagunça" das comemorações e dos
fogos durante os jogos. "Toda a
família fará a concentração em casa para ir ao estádio. Além disso, a
festa deve continuar aqui após a
partida", diz.
Mesmo tendo nascido "colado"
ao estádio, o estudante de direito
João Paulo Siqueira Vergari, 24,
afirma que sempre foi corintiano
e que vai ao estádio torcer pelo
seu time do "coração".
Ele afirma que a decisão o deixou dividido, mas não vai deixar
de ficar do lado do Corinthians.
"Estou dividido. Ninguém esperava que o time chegasse à final.
Mesmo assim, torcer é coisa do
coração. Não sei se acharia ruim o
Botafogo perder."
Tendo o estádio Santa Cruz como vizinho há oito anos, Maria
Helena Cury diz que gosta muito
da agitação da torcida, mas muito
pouco do jogo.
"Eu não ligo e às vezes até saio,
mas meus netos e meu genro são
corintianos e botafoguenses e
adoram a bagunça."
Mesmo assim, ela diz que é impossível ficar fora do clima e que
tem uma convivência muito boa
com os ambulantes e torcedores
nos dias de jogo.
"Eles pedem para usar minha
torneira, me dão bandeiras e acabo pendurando."
De acordo com ela, é possível se
divertir mesmo sem gostar do esporte. O barulho, os fogos e a alegria em volta do estádio não são
motivo para preocupações, já que
ela afirma que nunca teve problemas com depredações. "Quem está na chuva, ou seja, mora perto
do estádio, é para se molhar. É
muito melhor curtir."
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