Ribeirão Preto, Segunda-feira, 08 de Janeiro de 2001

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Família de policial militar morto credita situação à falta de leis

DA FOLHA RIBEIRÃO

A família do soldado José Adalberto Serafim, 34, aponta a falta de leis mais rigorosas como o motivo do aumento dos homicídios em Ribeirão Preto.
Serafim foi morto durante uma troca de tiros com os ladrões que roubaram a Caixa Econômica Federal em novembro do ano passado.
"Ele levou um tiro de fuzil no peito; acertou o coração. Tentaram salvá-lo, mas não tinha jeito", disse o irmão do soldado, o marceneiro Alberto Serafim Guilherme, 43, que mora na cidade há 22 anos.
Para Guilherme, Ribeirão Preto deixou de ser uma cidade e passou a ser um local onde a violência tomou conta das ruas, e as pessoas estão se trancando dentro de suas casas para não serem assaltadas ou mortas.
"A gente só continua aqui (em Ribeirão) porque temos emprego, e seria muito difícil começar em outra cidade", disse.
Tanto ele quanto a irmã, a dona-de-casa Elisabete Serafim Guilherme, 42, acreditam que a falta de uma lei mais rigorosa acaba incentivando as pessoas a cometer crimes. "Hoje, uma pessoa mata e logo está solta nas ruas. Isso traz a sensação de impunidade", afirmou ele. "A lei precisa ser mudada. Hoje em dia, os bandidos é que estão mandando no mundo", disse Elisabete.
De acordo com a dona-de-casa, o filho do irmão morto está passando por tratamento psicológico para superar a morte do pai. "Ele vai lá em casa e diz: essa moto era do papai. E fica toda hora pedindo para ver a foto dele", disse.
Para o marceneiro, a desestruturação do lar e a grande quantidade de pessoas ligadas às drogas têm feito a violência aumentar. "Nós fomos criados, desde pequenos, trabalhando e aprendemos a respeitar nossos pais. Hoje em dia, acabou tudo isso", disse.


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