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RISCOS GLOBAIS
As baixas taxas de juros predominantes nas principais regiões industrializadas condicionaram no passado recente a retomada
do crescimento mundial e a busca
por ativos financeiros com maior
rentabilidade, caso de títulos de mercados emergentes. O fluxo líqüido de
capitais privados para os países
emergentes atingiu US$ 279 bilhões
em 2004, o maior volume desde a crise do Sudeste Asiático em 1997, de
acordo com o Instituto de Finanças
Internacionais, em Washington.
Os empréstimos e os lançamentos
de títulos de dívidas, segundo a mesma fonte, saltaram de US$ 7,3 bilhões em 2002 para US$ 113,8 bilhões
em 2004, demonstrando, mais uma
vez, a natureza cíclica dos mercados
financeiros internacionais. Expandem-se com as perspectivas otimistas de crescimento e se retraem com
a deterioração das expectativas.
Em termos regionais, os fluxos de
capitais privados revelaram-se bastante concentrados. Em 2004, os países asiáticos e do Leste Europeu receberam 87,3% do fluxo total; os latino-americanos, africanos e do
Oriente Médio, 12,7%. O Instituto
projetou a manutenção dessas tendências em 2005, apesar do movimento de elevação da taxa de juros
nos EUA para 3,5% a 4% no final do
ano e uma desaceleração no ritmo de
crescimento da economia global.
Para outros analistas, no entanto,
os elevados fluxos de capitais para os
países emergentes podem configurar a formação de uma nova "bolha
de ativos". Esse foi um alerta que surgiu no Fórum Econômico Mundial,
que se realiza em Davos, na Suíça.
Como se sabe, bolhas dessa natureza, quando se rompem, geram turbulências no mercado financeiro internacional que podem afetar gravemente economias menos sólidas.
Por ora, o alto endividamento dos
consumidores americanos restringe
a possibilidade de movimentos
abruptos de alta nas taxas de juros
pelo Fed (banco central dos EUA), o
que tende a favorecer os países em
desenvolvimento. Além disso, o superávit nas contas correntes dos
emergentes, que alcançou US$ 159,9
bilhões em 2004, segundo o Instituto, e o aumento das reservas, que foram ampliadas em US$ 376,6 bilhões, indicam uma redução na vulnerabilidade externa do conjunto
desses países.
Resta para aqueles mais vulneráveis, como infelizmente é o caso do
Brasil, persistir na estratégia de redução da dependência dos humores
dos mercados financeiros globais,
fortalecendo-se para enfrentar um
ambiente externo que poderá se revelar menos favorável.
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