São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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PAINEL DO LEITOR

À força
"A minha voz continua a mesma, mas meus cabelos...". Como no anúncio da TV, a violência repressiva, bem mais antiga do que a peça publicitária, permanece. Passam os governos, as siglas, as ideologias, mas, como um elemento independente, o império da força permanece. É a sua voz primitiva, secular, na defesa da "ordem" -com aspas. Os cabelos cresceram e recusam o tratamento." Paulo Matos (Santos, SP)

Motivo real
"Li na edição de 24/5 que os professores estaduais em greve tinham como reivindicação um aumento salarial de 54%. Gostaria de fazer uma importante correção: os professores da minha escola aderiram à greve porque vimos nessa oportunidade uma chance de mostrarmos a nossa indignação e revolta contra um governo autoritário e centralizador, que, ao contrário do que prometera em campanha, toma as decisões sem consulta nenhuma à rede escolar. Como exemplo, cito a organização do ensino do nosso Estado em apenas dois ciclos: 1� a 4� série e 5� a 8� série. Com isso, o aluno passa automaticamente de uma série para outra, criando a cultura da aprovação automática e o consequente desinteresse dos nossos alunos." Cleide A. Stradioto Martins (Campinas, SP)

Caminho sem volta
"A reintegração de posse em Guaianazes (SP) causa um misto de revolta e perplexidade. Como os órgãos competentes deixam mais de 300 famílias construírem casas, realizarem instalações elétricas (mesmo que sejam "gatos') e, depois, chegam com máquinas e vão demolindo tudo e deixando essas pessoas desabrigadas? Por que a maioria dos órgãos de imprensa prefere apenas relatar a reintegração de posse sem buscar a explicação de como aqueles terrenos foram loteados e por que estão sendo reintegrados?" Nani de Altamira (Jacareí, SP)

Prioridades tupiniquins
" Neste dia mundial contra o tabaco poderiam sugerir mais temas na área de saúde também. Poderiam fazer o dia nacional de atendimento decente em postos de saúde, o dia nacional sem corrupção de políticos, o dia nacional de presença obrigatória de políticos nos plenários, o dia nacional sem propina e por aí vai. Senhor ministro e autoridades de saúde, deixem quem quiser fumar fazê-lo, simplesmente. Usem o dinheiro dessas campanhas para o atendimento da população, melhoria do serviço e outras coisinhas menores. Palhaçada sem tamanho essa de gastar milhões em propagandas para campanhas segmentadas em um país onde ainda se morre de febre amarela, esquistossomose e outras doenças que deveriam ser matéria escolar somente." Mauricio Villela (São Paulo, SP)

Editorial
"Lendo o editorial "Pela universidade pública", de 23/5, não podemos nos esquecer de que os "P.H.Deuses" atrapalham o bom andamento dentro das universidades públicas. O melhor, além de discutir a privatização do ensino superior público, seria um questionamento mais profundo e realmente transparente de como está a "qualidade humanística real" dentro da universidade pública. Talvez com a privatização não houvesse mais espaço para aqueles que têm ares e postura do tipo "Esse lugar é meu e daqui ninguém me tira"." Genê Catanozi (Araraquara, SP)

À tona
"Realmente, vivemos num país emergente... Falta de educação emergindo, desemprego emergindo, miséria emergindo." Amanda Lunardi Palhares (São Paulo, SP)

Protesto
"Em 12/4, escrevi ao editor da Ilustrada discordando de crítica feita a uma tradução minha e expondo as razões da decisão apontada como tola, conforme se segue: "A reportagem "Magia de Harry Potter aporta ao Brasil", publicada em 10/4, surpreendeu-me pelo tom dogmático da crítica de Bia Abramo e sua conclusão de que a tradutora "pecou por tola simplificação" ao mudar o título de um capítulo. Parti do princípio que a criança brasileira que vai ler "Harry Potter e a Pedra Filosofal" não sabe inglês e que vai fazer a viagem proposta por J.K. Rowling a partir da confirmação ou negação ou distorção dos referenciais de sua cultura, que são a matéria-prima da fantasia. A simplificação do título "Platform 9 and three quarters" para "A plataforma nove e meio" não roubou nadinha da imagem de uma plataforma invisível entre a nove e a dez. Para a criança inglesa ou americana, a expressão "quarter" está associada ao seu quotidiano, às horas, à medida de volume, à moeda, associações que tornam a fantasia mais concreta, mas para a criança brasileira o único quarto que faz parte do seu quotidiano são os quartos de sua casa e os quartos das frações, matéria abstrata ainda mal-assimilada entre os 8 e os 12 anos". O editor da Ilustrada respondeu-me propondo-se a falar com Bia Abramo sobre minhas observações se eu achasse adequado. Insatisfeita com a resposta, pergunto: será que tradução não é coisa séria, a crítica tampouco era para ser levada a sério e muito menos a resposta do editor, que se propõe a falar com a crítica se eu achar adequado?" Lia Wyler (Rio de Janeiro, RJ)

Regras desrespeitadas
"Vivemos em um país em que não se sabe se o regime político é a democracia ou a anarquia. Se eu quero ouvir um rádio tranquilo em minha casa não posso porque o vizinho liga o dele num volume acima de 70 a 80 decibéis. Vou procurar um telefone na rua, mas está quebrado pelos vândalos. A rua está escura porque as lâmpadas dos postes estão quebradas pelos engraçadinhos." Alonso Mosrã (Taubaté, SP)

Seleção
"O Mais! é um caderno de alto nível técnico e intelectual. Inserir nele uma coluna do José Simão é inacreditável. Inadmissível mesmo." Paulo Roberto (Porto Ferreira, SP)

Aos cinemas
"Sobre o artigo do sr. Marcelo Coelho na Ilustrada de 24/5: vamos correndo ao cinema assistir "Gladiador". É cínico, exalta "o império americano", é saudosista? Isso não interessa. É uma belíssima produção cinematográfica. Os jovens de hoje não assistiram a "O manto sagrado", "Demétrius, o gladiador" e outras maravilhosas produções que deixaram saudades. Vamos dar essa oportunidade a eles. Soldados a caráter, bigas, franjinhas etc. Tudo muito bonito. Riqueza, beleza, grandeza! O povo que vai ao cinema quer ver esse tipo de espetáculo. E Hollywood oferece isso tudo como manda o figurino. O resto é papagaiada." Maria Aparecida de Azevedo Nunes (São Paulo, SP)

Intolerâncias
"O governo disse que não vai "tolerar" mais greves de servidores públicos, então anunciou que irá aceitar novas inscrições para o PDV (Programa de Demissão Voluntária). O governo disse que não vai "tolerar" mais manifestações em contrário ao mínimo de R$ 151, podendo chegar a causar demissões de seus aliados políticos. O governo disse que não vai "tolerar" mais invasões de terras pelo MST, fazendo uso de todas as forças constitucionais que lhe estão disponíveis. Pergunto: por quanto tempo ainda vamos ter que "tolerar" esse governo?" Geraldo Jorge Lopes, e-mail: gelopes78@hotmail.com (Belo Horizonte, MG)


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