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Urgência, urgentíssima
ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
Há pouco tempo, tive a oportunidade de participar de um evento
dedicado a intensificar as medidas de
prevenção dos acidentes e doenças do
trabalho.
Os cálculos econômicos nesse campo são estarrecedores. Para cerca de
450 mil acidentes que ocorrem anualmente no Brasil, as empresas têm uma
despesa de aproximadamente R$ 12,5
bilhões (contando os custos segurados e os não-segurados); os familiares
dos acidentados ou lesionados bancam mais de R$ 2,5 bilhões (acomodando-os, tratando deles e perdendo
horas de trabalho e renda); e o Estado,
juntamente com as famílias, gasta estimativamente R$ 5 bilhões para acudir
os que se acidentam e adoecem no
mercado informal e nada contribuem
para a formação do fundo previdenciário que garante o seguro aos acidentes do trabalho.
Em suma: teoricamente o número se
aproxima de R$ 20 bilhões por ano!
Uma verba colossal. Daria para gerar
uns 500 mil empregos.
O mais grave é sofrimento das vítimas de acidentes e doenças profissionais. O Brasil não pode desperdiçar
recursos dessa forma e muito menos
dar as costas para o drama humano
que decorre do desleixo e da desatenção.
É verdade que a solução de uma boa
parte do problema depende da melhoria da educação dos trabalhadores
e da sua conscientização. Mas, nesse
terreno, entendo que a maior responsabilidade está com os empresários.
Entram aqui as óbvias razões humanas e o indispensável cálculo econômico.
Nos dias atuais, os trabalhadores
constituem o ativo mais precioso das
empresas. Na medida em que a concorrência aumenta e a economia se
globaliza, a importância do trabalho
bem-feito, da eficiência e da produtividade é questão de vida ou morte para as empresas.
O novo ambiente econômico exige
mão-de-obra cada vez mais qualificada e um clima da mais absoluta parceria entre empregados e empregadores.
Demitir um bom empregado é desumano, oneroso e contraproducente.
A empresa que for recontratar esse
empregado pagará caro e demorará
um bom tempo para readaptá-lo às
suas condições de trabalho. Descuidar
de sua saúde e proteção geral -além
de inadmissível em uma sociedade civilizada- constitui uma das maiores
irracionalidades que o empresário pode cometer num momento em que a
competitividade de sua empresa está
sendo desafiada pela internacionalização da economia.
O Brasil precisa dar grandes passos
em direção a uma mentalidade genuinamente prevencionista na qual as
empresas venham a investir nas mais
variadas formas de evitar acidentes e
afastar as doenças profissionais como
parte de sua responsabilidade social e
como ingrediente da racionalidade
que são exigidos pelas novas formas
de produzir e vender.
Antonio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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