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Uma vaga. E uma surpresa?
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - Diz a sabedoria convencional que as duas candidatas da
esquerda não podem passar juntas
para o segundo turno da eleição municipal paulistana.
Admito que não sou dos mais fanáticos seguidores dessa teoria, mas a
pesquisa do Datafolha que a Folha
publica hoje parece um reforço a ela.
Luiza Erundina (PSB) cai o suficiente para ficar em situação de empate técnico com Paulo Maluf (PPB),
quando, nas duas pesquisas anteriores, ela e marta Suplicy (PT) estariam no segundo turno, se a eleição
fosse em qualquer um daqueles dois
momentos.
Se a sabedoria convencional estiver
correta, o mais lógico é supor que
Marta tem muito mais chances do
que Erundina de ser a candidata de
esquerda no turno final. Afinal, o PT
tem muito mais máquina e militância do que o PSB.
Tanto que o partido colocou seu
candidato em um dos dois primeiros
lugares em três das quatro eleições
paulistanas desde que as capitais recuperaram o direito de eleger seus
prefeitos, em 1985.
Se tanto a sabedoria convencional
como a lógica estiverem corretas, o
que nem sempre ocorre em eleições, a
pergunta restante, portanto, é quem
acompanhará Marta ao segundo
turno. Uma boa aposta é Paulo Maluf, como é óbvio.
O ex-prefeito mantém um núcleo
duro de eleitores que não parecem se
importar o mínimo com a catarata
de acusações despejadas contra o seu
candidato preferido.
Mas é a primeira vez em que Maluf
parte para uma eleição regional em
um patamar tão baixo (inferior a
20%), com rejeição tão elevada e em
situação de absoluta defensiva.
Parece haver, portanto, margem
para uma surpresa na definição de
um dos dois finalistas. Surpresa que
pode até ser um desmentido frontal à
sabedoria convencional e, por extensão, uma disputa final entre duas
mulheres de esquerda.
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