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MINIPACOTE POLÍTICO
Abafada pela balbúrdia interna do
governismo e a seguir pelo alarido
em torno da marcha oposicionista
sobre o Planalto, tramitam e vêm
sendo aprovados no Congresso bocados de reforma política.
Talvez nem seja o caso de chamar
por nome tão pomposo as emendas
que vão sendo feitas às leis partidárias. Talvez se possa até ver mérito
em medidas como limitar o acesso ao
fundo partidário ou ao tempo de propaganda na TV de partidos que não
tenham representação significativa,
projetos que foram por esses dias
aprovados na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Poderia
ser razoável a limitação de coligações
partidárias em eleições proporcionais (para vereadores e deputados).
No entanto, tais medidas, além de
suscitarem merecida polêmica devido ao fato de serem apenas remendos num sistema político deveras
desgastado, provocam ademais outras duas preocupações. Esse minipacote político parece ser o sinal de
que mudanças de maior fôlego são
deixadas de lado. Pior, tais medidas
sabem a certo casuísmo. Desconsideram-se os problemas fundamentais da estrutura do sistema político.
Não se trata da unidade e identidade dos partidos, não há preocupação
com os danos causados por desmedida infidelidade partidária. Parece
não haver cuidado com a precariedade e o desequilíbrio da representação
legislativa; nem há discussão sobre a
reforma do sistema de votação, a
adoção do voto distrital ou a baixa representatividade de certos Estados.
Decerto as coligações muita vez servem somente como expediente de sobrevivência de partidos com baixíssimo apelo popular. Mas o que dizer
sobre as grandes legendas que funcionam apenas como federações de
partidos estaduais, pouco sujeitas à
disciplina partidária e, portanto, com
potencial semelhante de desagregação política? O minipacote político
parece perpassado pela intenção de
apenas reduzir o capital eleitoral dos
pequenos partidos, muitos de oposição, tentativa condenável de reduzir
os estragos que a baixa popularidade
do governo federal deve provocar nas
grandes legendas, todas hoje na coalizão fernandina. É lamentável.
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