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CARLOS HEITOR CONY
Dois centenários
RIO DE JANEIRO - Todos os
anos há uma série de centenários
que merecem ser comemorados.
Tivemos o de Machado de Assis e o
de Euclides da Cunha. Agora, em
2010, já estamos lembrando outro
gigante de nossa história, o pernambucano Joaquim Nabuco, que
atuou na diplomacia do Império e
da República, foi fundador, com
Lúcio Mendonça e Machado, da
Academia Brasileira de Letras e
marcou um dos momentos mais
brilhantes de nossas relações
exteriores, ao lado de Rio Branco e
Ruy Barbosa.
Para festejar um de seus principais fundadores, a ABL está promovendo uma série de palestras, sendo
que a primeira esteve a cargo do ministro Celso Amorim. Foi uma aula
magna diante de um plenário lotado, que o aplaudiu de pé. Para todos
os efeitos, Nabuco marcou um padrão de diplomata e de escritor que
raramente encontramos em outros
países.
Outro centenário que a ABL vai
comemorar neste ano é o de Noel
Rosa. Bastante estudado pelos especialistas, Noel entrará postumamente numa academia de letras por
mérito e gosto. No ano passado foi a
vez de Villa-Lobos, e nada demais
que o poeta da Vila receba a homenagem e as palestras que serão feitas em sua memória.
Juntar Nabuco e Noel num mesmo ano de comemorações pode parecer uma extravagância acadêmica, mas não se pode negar a importância dos dois na formação de nossa cultura e de nosso afeto.
Tomei conhecimento dos dois
ainda em criança, lendo na "Antologia Nacional", de Fausto Barreto e
Carlos Laet, um trecho de "Minha
Formação", o livro de memórias de
Nabuco. Na mesma época, fiquei
comovido quando ouvi "As Pastorinhas", que até hoje mexe aqui dentro comigo. Mas o grande legado de
Noel são suas letras magistrais,
anúncio do modernismo e do estilo
carioca de caminhar pela vida.
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