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NOVA FASE NA TELEFONIA
Os atuais contratos de telefonia fixa, assinados em junho
de 1998, após o processo de privatização, têm vencimento previsto para
31 de dezembro de 2005. É hora de
discutir as condições de renovação
de tais contratos.
Há evidências de que o processo de
privatização, após a definição das regras pelo Ministério das Comunicações, foi relativamente bem-sucedido. Houve inclusive antecipação das
metas de expansão dos serviços de
telefonia fixa e móvel. Em agosto de
2005, os telefones fixos instalados
somaram 42 milhões (eram 17 milhões em 1997), e os terminais móveis chegaram a 64 milhões de unidades, sendo 81% pré-pagas, de
acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
O processo estimulou uma expansão da indústria de equipamentos de
telecomunicações, sobretudo dos
aparelhos móveis. Algumas empresas aproveitaram a capacidade produtiva instalada para exportar. Entre
janeiro e agosto de 2005, a indústria
de celulares gerou saldo positivo de
US$ 1 bilhão no comércio exterior.
Os novos contratos estiveram em
consulta pública e foram objeto de
audiências durante o primeiro semestre de 2003, sendo aprovados em
junho deste ano. Em 30 de junho de
2003, as empresas concessionárias
-Telemar, Brasil Telecom, Telefônica e Embratel- manifestaram interesse na renovação dos contratos.
Uma novidade nos contratos é a
adoção de um índice de correção para as tarifas, denominado Índice de
Serviços de Telecomunicações, que
substitui o Índice Geral de Preços
-Disponibilidade Interna (IGP-DI).
Este último reflete as variações nos
preços do atacado -e, portanto, as
oscilações da taxa de câmbio- e havia sido adotado num momento em
que as operadoras estavam realizando investimentos com grande participação de equipamentos importados. Já o novo índice procura refletir
as alterações de custos das prestadoras de serviços de telecomunicações,
que não têm tanta relação com o
câmbio e tendem a se aproximar
mais das variações no custo de vida e,
portanto, na renda do consumidor.
A metodologia do índice está em
consulta pública até 1� de novembro.
Em princípio, essa forma de atualização dos serviços de telecomunicações parece ser um avanço institucional relevante. As novas regras, com
validade para os próximos 20 anos, a
partir de janeiro de 2006, ao procurar
garantir um reajuste mais próximo
dos custos, podem garantir a estabilidade das receitas das empresas e o
cumprimento de novas metas de
universalização e de qualidade, como a oferta de serviços destinados
aos consumidores de menor renda
(telefone fixo pré-pago, com assinatura mais baixa), o atendimento nas
áreas rurais e a portabilidade numérica (que dá ao consumidor a opção
de manter o mesmo número de telefone quando muda de endereço).
O novo índice procura levar em
conta também a baixa renda da
maioria da população brasileira: se o
índice não buscasse refletir o avanço
no rendimento do trabalho, seriam
maiores as chances de aumento na
inadimplência -o que sacrificaria
as receitas das concessionárias.
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