São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Contradições
"É fácil clamar e pedir justiça quando quem está do outro lado é o pobre, o mal educado, o filho da lavadeira. É fácil ser valente com o fraco. Complicado é entender, e bradar com a mesma virulência, quando o assassino é branco, bem educado, mora bem e é filho da melhor classe média.
Se o Brasil não admitir que a violência é um problema de todos nós e que cabe ao conjunto da sociedade, inclusive o governo, buscar saídas, a situação só vai piorar."
João Franzin (São Paulo, SP)


Sem justificativa

"Inacreditável que, apenas 43 dias antes de 2000 d.C., os dirigentes e governantes do departamento de trânsito do maior Estado do país desconheçam a dupla microfilmagem para documentos e caixas-fortes à prova de incêndios!
As "mutretas" persistem no Detran: os "zangões" sempre levam a melhor...
Pobre povo paulista, sempre nas mãos desses espertalhões!"
Amaury Sampaio (São Paulo, SP)

Genéricos

"Gostaria de sugerir ao colunista Elio Gaspari que evite erros como o cometido em sua última crônica dominical, o que contribui para desinformar um enorme contingente de pessoas.
Ainda não existe neste país medicamento genérico. Não há ainda neste país estudo de bioequivalência para nenhuma droga, isto é, existe só lei que autoriza e estabelece normas.
Por outro lado, a desinformação para a qual o seu artigo contribui pode estimular que pacientes solicitem a substituição por medicamento similar, o que pode levar a equívocos gravíssimos -à guisa de exemplo, Meticorten se trocaria por prednisona, e não por premisona, como equivocadamente seu artigo grafa. Lembre-se de que a maior parte das farmácias tem apenas balconistas sem nenhum preparo, que podem cometer esse mesmo erro, ou piores.
Visto isso, não vejo nenhum desvio ético do médico que solicita, com o selinho ou sem o selinho, que não se troquem os medicamentos receitados enquanto não forem lançados no Brasil os medicamentos genéricos."
Edson Lopes Libânio, presidente da Regional Sul da Sociedade Mineira de Pediatria (Baependi, MG)

Força no Mercosul

"A proposta argentina de criar empresas multinacionais para estimular a exportação a terceiros mercados foi bem recebida pelo governo brasileiro. É um bom indício para fomentar mais o intercâmbio comercial argentino-brasileiro, que tem potencial para um crescimento sólido, mas que, volta e meia, tem sido prejudicado por desentendimentos mútuos. Espera-se que daqui para a frente soprem outros ventos que venham a sanar esses problemas, para o bem dessas duas grandes nações."
Antonio Domínguez Calvo (Rio de Janeiro, RJ)

Proposta

"Antonio Ermírio de Moraes escreve com simplicidade e sinceridade, virtudes difíceis de encontrar em colunistas. Por isso é sempre lido e entendido.
Li a sua coluna "O quebra-cabeça social" (Opinião, 14/11), onde analisa com justiça e tristeza o dia-a-dia sofrido do nosso povo, não encontrando um remédio para esse sofrimento.
O nosso presidente Fernando Henrique Cardoso tem se esforçado e se desgastado na procura desse remédio salvador. Infelizmente, devemos convir que o mundo em que vivemos não é um paraíso.
Mas não desanimemos, pois não é do nosso feitio desanimar. O remédio procurado para os nossos males existe e data de quase 2.000 anos. "Amai-vos uns aos outros", esse é o remédio."
Helio Del Picchia (São Paulo, SP)

Perda de direito

"A Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP considera abominável a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que concedeu liminar à Associação dos Delegados de Polícia do mesmo Estado, suspendendo a lei municipal que obriga os servidores públicos a informar às vítimas de estupro seu direito legal ao aborto. Essa decisão nos coloca frente a enorme contra-senso. A mulher que engravida por conta de estupro, e que recebe por isso proteção estatal e legal, sofreu -além de ofensa à sua dignidade- constrangimento ilegal quanto à sua livre decisão de optar pela maternidade. A invocação de dispositivos constitucionais para vedar o acesso das mulheres às informações fere o Estado brasileiro."
Lais Amaral Rezende de Andrade, presidente da Comissão da Mulher Advogada -OAB-SP (São Paulo, SP)

Inativos

"Arnaldo Jabor disse que era "cruel" a lei que obrigava os inativos da União a contribuir para a Previdência.
Se Jabor confrontasse a aposentadoria miserável dos trabalhadores da iniciativa privada com as condições privilegiadas em que se aposentam os servidores da União, concluiria que a lei nada tinha de cruel.
Os servidores federais se aposentam com benefício igual ao último salário. Na iniciativa privada, a aposentadoria não pode ultrapassar R$ 1.255,00, e o valor médio do benefício é de R$ 240,00. Com essa migalha, milhões de aposentados vegetam após uns 40 anos de trabalho."
Luís Vergniaud (Rio de Janeiro, RJ)

"Com a insistência em criar a contribuição para os funcionários inativos, o governo FHC acaba de confirmar que escolheu os funcionários públicos como "bode expiatório".
Caso a contribuição dos inativos venha a ser criada, tal medida, além de ser uma aberração jurídica, é injusta, pois os funcionários públicos estão sem aumento há mais de cinco anos. E, o que é pior, o problema não será resolvido."
João Machado Homem (Pouso Alegre, MG)

Medida para sensibilização

"As vítimas da violência nos grandes centros urbanos do país, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, todas elas indefesas e incautas, que têm o seu sangue derramado no exercício de seu labor diário, ou mesmo em momentos de lazer, deveriam, com todo o respeito que devotamos aos seus familiares, ser veladas no salão nobre do Palácio da Alvorada, com seus ataúdes sendo envoltos no pavilhão nacional, como se fossem heróis. Sim, heróis, porque tombaram num confronto odioso, perverso, em que seu principal aliado, o governo, voltou-lhes as costas exatamente no momento em que deveria viabilizar todos os instrumentos julgados indispensáveis e necessários para lhes garantir razoável segurança.
Só assim, quero acreditar, o governo federal seria sensibilizado e viabilizaria uma política econômica e social capaz de equacionar esse grave problema que nos atormenta dia após dia."
Antônio Carlos Siufi Hindo, promotor de Justiça (Ponta Porã, PR)


Texto Anterior: Renato Janine Ribeiro: A ilusão de detectar o mal
Próximo Texto: Erramos
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.